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ARTERITE DE TAKAYASU – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Caso Clínico
Congresso ID: CC003 - Resumo ID: 1231
Serviço de Medicina Intensiva(1), Serviço de Imunoalergologia(2), Serviço de Medicina Interna(3) do Centro Hospitalar Universitário de São João
Núria Jorge (1), Joana Miranda (2), António Braga (1), Helena Moreira (3), Ester Ferreira (3), Pedro Von Hafe (3), Jorge Almeida (3)
Intodução: A Arterite de Takayasu é uma vasculite de etiologia desconhecida, que afecta grandes vasos, nomeadamente a aorta e os seus ramos. A ausência de sintomas e marcadores laboratoriais específicos, assim como a dificuldade em determinar a actividade e progressão da doença, dificultam o diagnóstico precoce, com repercussões nefastas na morbilidade e mortalidade.
Descrição: Descreve-se o caso de uma mulher de 40 anos, em seguimento em consulta externa de Medicina Interna desde 2014 por quadro de perda ponderal, astenia, suores noturnos e lombalgia esquerda. Do estudo complementar destacava-se anemia normocítica normocrómica e valores de reagentes de fase aguda sustentadamente elevados. Procedeu-se à realização de estudo imunológico, assim como exames imagiológicos, incluindo tomografia computorizada torácica, sem alterações de relevo. Apesar do estudo inconclusivo, por manutenção da sintomatologia, iniciou curso de corticoterapia, que manteve cerca de quinze meses (em esquema de desmame e posterior suspensão) e que resultou em remissão completa do quadro.
Em Outubro de 2018, é admitida por anemia, astenia progressiva, picos febris vespertinos e palpitações, com cerca de uma semana de evolução. Negava outra sintomatologia acompanhante, bem como hábitos ou contexto epidemiológico relevantes.
Objectivava-se anisosfigmia com um diferencial de pressão arterial > 10 mmHg, era também audível um sopro carotídeo e subclávio bilateral. À auscultação cardíaca destacava-se um sopro sistólico grau II/III audível em todo o precórdio.
Analiticamente apresentava hemoglobina de 8.8g/dL, velocidade de sedimentação de 129mm/1ªh e proteína C reativa de 72mg/L.
A tomografia computorizada cervicotoracoabdominopélvica revelou um espessamento parietal concêntrico da aorta torácica, dos ramos supra-aórticos e da artéria pulmonar, assim como uma dilatação da aorta ascendente e da origem da artéria subclávia direita. Realizou ecocardiograma transtorácico que documentou insuficiência aórtica severa, sem evidência de dilatação de câmaras cardíacas e com função biventricular conservada.
O quadro clínico apresentado e os exames complementares obtidos eram compatíveis com o diagnóstico de Arterite de Takayasu. Assim, a doente foi medicada com prednisolona 50mg id. Após seis semanas de corticoterapia, por apresentar melhoria da sintomatologia, iniciou desmame progressivo de prednisolona, tendo sido associado metrotrexato.
Discussão: O caso apresentado pretende salientar a dificuldade diagnóstica desta patologia, assim como a sua evolução progressiva e deteriorante, salientando a necessidade da documentação e tratamento precoces para ser alcançado um melhor prognóstico. Deve ser considerada, principalmente na mulher jovem, perante alto grau de suspeição e quando excluídas outras etiologias mais frequentes.