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LESÃO RENAL AGUDA EM PACIENTE COM MIELOMA MÚLTIPLA
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P683 - Resumo ID: 122
Hospital de Santa Luzia de Elvas, ULSNA EPE
Mykhailo Iashchuk, Carlos Cruz Villalon, Lorena Lozano Real, Paula Sofia Araujo, Juan M Urbano Gálvez
INTRODUÇÂO: A lesão renal aguda (LRA) complica o mieloma múltiplo (MM) em 20 a 50% dos pacientes pela produção de imunoglobulinas monoclonais e cadeias leves livres, além disso, distúrbios metabólicos, sepse e exposição nefrotóxica, emprego de bisfosfonatos podem exacerbar a lesão renal relacionada à paraproteína.
CASO CLINICO: Mulher de 64 anos com antecedentes de MM (IgG, cadeias kappas) avançado (infiltração óssea difusa) com hipoparatiroidismo por tiroidectomia, seguida na consulta de hematologia, em terapêutica com lenalidomida, dexametasona, fentanilo transdermico e sevredol, faz bifosfonato com vit.D e cálcio. Recorreu ao SU por dispneia, tosse produtiva, febre e diarreia de 4 dias de evolução. No EO: consciente, orientada, colaborante, emagrecida. Pele e mucosas desidratadas, turgor cutâneo diminuído. Polipneica, t39ºC, pulso 120bpm, rítmico, TA 120/60 mmHg. ACP: crepitações na base direita, sat.90% em ar amb. Abdómen mole e depressível, indolor, Blumberg negativo.
Analiticamente: leucócitos 6.25, neutrófilos 82.4%, anemia 9.7 macrocitica, Na133, K4.6, Ca2+ 7.8, PTH9.7, ureia65, creat.2.2, PCR 29.40; S.U: sem leucocituria, proteínas 100; Rx.tórax: hipotransparência na base direita; GAS em ar amb.: pH7.39, pO2 64, pCO2 28.0, sat.92.9%, lact.0.8.
Internada com diagnostico septicemia em doente imunosuprimida com ponto de partida de pneumonia basal direita e GEA. Iniciou piperacilina/tazobactam ajustado a função renal, posteriormente alterado para Meropenem por agravamento da diarreia. Durante o internamento desenvolveu deterioração progressiva da função renal com elevação da creat. sericá até 6.2, foi interpretada a situação como doença renal crônica agudizada em doente com MM em contexto de infeção e desidratação (diarreia). Ecografia renal revelou os rins com dimensões normais sendo evidente pouca diferença cortico-medular. Durante ingresso no hospital paciente fez fluidoterapia a 2500 SF cc/dia, Ca2+ endovenoso. No dia de alta hospitalar doente teve creatinina sérica 2.3.
DISCUSSÂO: O rim do mieloma ocorre quando grandes quantidades de cadeias leves livres, que são filtradas no glomérulo, se ligam à proteína Tamm-Horsfall (uromodulina) nos túbulos, formando cilindros insolúveis que causam obstrução intrarrenal e subsequente inflamação tubulointersticial. Outro mecanismo chave da lesão é reabsorção tubular proximal de grandes quantidades de cadeias leves livres, levando à ativação de citocinas inflamatórias, estresse oxidativo, apoptose e, finalmente, fibrose. Assim, uma diminuição na TFG devido ao aumento da pressão tubular intraluminal, juntamente com a inflamação intersticial e lesão tubular aguda, resulta em LRA.
A terapia inclui hidratação, correção da hipercalcemia e quimioterapia para reduzir rapidamente o nível das cadeias leves livres. Uma redução clinicamente significativa nas cadeias leves livres dentro de três semanas após o diagnóstico está associada a uma alta probabilidade de recuperação renal completa ou parcial.