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UTILIZAÇÃO DE INIBIDORES DA BOMBA DE PROTÕES (IBP) NA PROFILAXIA DE DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA (DUP) – ANÁLISE TRANSVERSAL DE 176 CASOS EM SERVIÇOS DE MEDICINA INTERNA
Doenças digestivas e pancreáticas - Comunicação
Congresso ID: CO113 - Resumo ID: 1247
Hospital Prof. Doutor Fernando Fonseca
Mário Ferreira, Marta Fonseca, Zélia Neves, João Machado
Introdução: A utilização de IBP na profilaxia de DUP é prática comum no doente internado. A sua eficácia e segurança estão amplamente descritas, assim como as indicações para o seu uso. Não existem normas bem definidas para o uso profilático de IBP no doente não crítico. Não obstante, tem-se observado um aumento significativo do seu uso nos doentes tratados em ambulatório, muitas vezes por longos períodos e sem reavaliação da necessidade de tratamento.

Objetivos: O estudo pretende avaliar a frequência e adequação da prescrição de IBP na profilaxia de DUP nos doentes internados em serviços de Medicina Interna dum hospital distrital e perceber se houve ajuste terapêutico na alta.

Material e Métodos: Efetuou-se a análise retrospetiva transversal dos processos clínicos eletrónicos de todos os doentes internados, num determinado dia, nos serviços de Medicina Interna, sendo reavaliados 2 semanas após o dia selecionado.
Definiram-se as indicações para a utilização de IBP na profilaxia de DUP, tanto em ambulatório como no internamento com base nas mais recentes guidelines da American College of Gastroenterology, American Gastroenterological Association e World Gastroenterology Organisation.

Resultados: Dos 227 doentes internados no dia selecionado, 51 foram excluídos, 22 por óbito no período de estudo e 29 pela ausência de alta clínica no fim do estudo.
Dos 176 doentes analisados, 50,6% eram mulheres e a média de idades era de 74,4 anos.
Em ambulatório, 69 doentes (39,2%) encontravam-se medicados com IBP, sendo que apenas 39,1% destes tinham indicação para tal. As principais indicações encontradas foram a antiagregação em doentes com idade >65 anos (n=17) e a DUP idiopática (n=5). Dos 107 que não faziam IBP, 16,8% deveriam fazer de acordo com as guidelines usadas.
Nos doentes internados, 57,4% (n=101) iniciaram terapêutica. Em 29,7% destes, a profilaxia não estava indicada. Dos doentes com indicação a quem foi adequadamente prescrito IBP, 62% apresentavam 2 ou mais fatores de risco para DUP. À data da alta, 81 doentes (46%) receberam prescrição de IBP, sendo que 54,3% deles não reuniam critérios para manter esse tratamento.

Conclusões: Este estudo transversal de 176 doentes alerta para a má utilização de IBP, particularmente em ambulatório. Nos doentes internados observou-se a correta prescrição na maioria dos doentes, de acordo com as recomendações mais recentes. Contudo, em 30% dos doentes a profilaxia não estava indicada e à data da alta a manutenção desta terapêutica não se justificava em cerca de metade dos casos.

Apesar das limitações associadas às características da amostra, este estudo vem reforçar a necessidade de reavaliar os protocolos de atuação clínica no que toca à profilaxia de DUP, baseados na evidência científica mais recente. A prescrição inapropriada destes fármacos está associada quer a um impacto económico negativo, quer a efeitos adversos.