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UM MEDIASTINO ABERRANTE: A PROPÓSITO DE UM CASO CLÍNICO
Doenças cardiovasculares - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG181 - Resumo ID: 1254
Hospital do Santo Espírito da Ilha Terceira
Yair Gamboa, André Goulart, Alexandra Freitas, Ângelo Andrade, Almerindo Rego
Apresenta-se doente do sexo feminino, 39 anos de idade, antecedentes médicos de diabetes gestacional, referenciada a consulta pelo médico assistente, após, no contexto de episódios recorrentes de toracalgia antero-posterior mediana, intensidade moderada, características pleuríticas e intermitente, ter realizado radiografia do tórax onde terá sido identificado massa exuberante nodular de contornos bem definidos, para-hilar e justa mediastínica esquerda.
Sem alterações de relevo à observação, bom estado geral, eupneica e sem sinais de dificuldade respiratória em ar ambiente, com SatO2 97%, auscultação cardiopulmonar sem alterações.
TC do tórax revelou ´(...) ausência de derrame pleurais ou adenopatias mediastínicas. Volumosa massa de densidade hídrica (77x79 mm), homogénea não captante de contornos regulares com calcificações parietais, paramediastínica esquerda em topografia supero-anterior, sugestiva de quisto pleuro-pericárdico´.
Pelas dimensões e sintomatologia, que apesar de intermitente e intensidade moderada terão motivado múltiplas recorrências ao serviço de urgência, foi proposta para tratamento cirúrgico, que recusou, tendo descontinuado o seguimento.
Os quistos pericárdicos são incomuns, com incidência de 1 para 100.000. De etiologia congénita/idiopática ou adquirida (infecciosa ou iatrogénica pós-cirúrgica), a maioria são detectados acidentalmente, de crescimento infrequente e raramente clinicamente significativos. Podem associar-se a tamponamento cardíaco, obstrução do brônquio principal direito e morte súbita.
O aspecto radiológico típico na TC é de um quisto não-contrastante com atenuação aquosa homogénea.
Com clínica inespecífica de dispneia, dor torácica e palpitações, quando muito sintomáticos, as opções terapêuticas incluem aspiração percutânea e esclerose etanólica (elevadas taxas de recorrência e impossibilidade de estudo anatomopatológico) e resseção cirúrgica, considerada terapêutica de primeira linha.