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MALÁRIA
Doenças infeciosas e parasitárias - Comunicação
Congresso ID: CO094 - Resumo ID: 1255
Hospital Central do Funchal
Cláudia Lemos, Beatriz Santos da Silva, Ana Sofia Silva, Ema Freitas, Maria da Luz Brazão
INTRODUÇÃO: A malária é uma doença tropical parasitária, cujo diagnóstico correto e precoce não permite apenas um tratamento mais eficaz, como reduz o aparecimento de resistências ao tratamento.
A incidência anual de novos casos estima-se ser superior a 500 milhões, e é responsável por mais de um milhão de mortes por ano.
Em Portugal a malária permaneceu endémica até cerca de 1950, porém, nas últimas décadas, o aumento do volume de viagens internacionais, nomeadamente, destinos tropicais, endémicos para esta doença, acarretaram também o aumento dos casos importados.

OBJECTIVO: Estudo das caraterísticas demográficas, clínicas, laboratoriais, profilaxia e de tratamento ambulatório e hospitalar de uma população de doentes com o diagnóstico de malária internados num hospital distrital.

MÉTODOS: Análise retrospetiva dos processos clínicos codificados como “malária” (códigos 084.0-0.84.6; ICD-9 e B50-B54; ICD-10) num hospital distrital, englobando o serviço de urgência (sala de observação), de medicina interna e de doenças infecciosas, num período de quatro anos. Análise descritiva.

RESULTADOS: Identificaram-se 44 internamentos por malária neste período. A população apresentava uma média de idade de 42 anos, e 97.6% eram leucodérmicos. Os doentes eram na sua totalidade, do sexo masculino e com viagem recente, e a maioria efetuou profilaxia pré-viagem (81%). A maior parte dos doentes apresentava manifestações há menos de 10 dias após o fim da viagem (65.9%) e na generalidade tratavam-se de primeiros internamentos (55,8%). Os sintomas mais frequentes na apresentação eram: febre (93,2%), mialgias (56,8%), calafrios (40,9%), cefaleia e vómitos (38,6%), fadiga e diarreia (34,1%), tosse e dor abdominal (22,7%) e diaforese (4,5%). Analiticamente, destacava-se trombocitopenia (97,5%), anemia (45%), elevação das transaminases (40%), coagulopatia (27,5%) e alteração da função renal (17,5%). Em 64% dos casos isolou-se o agente patogénico, com um predomínio do Plasmodium falciparum (52%). Foram feitos diagnósticos diferenciais com: dengue (76,5%), febre tifóide (35,3%), pneumonia e chikungunya (17,6%) e leptospirose (11,8%). Os doentes cumpriram terapêutica com doxiciclina (93,2%), quinina (70,5%), atovaquona (31,8%) e com primaquina (9,1%). Em ambulatório foram prescritos a doxiciclina (94,3%), quinina (65,7%), primaquina (11,4%) e com atovaquona (5,7%).

CONCLUSÃO: A caraterização da população está em concordância com a literatura existente. A malária é uma doença tratável e preveníve, cujo diagnóstico é menos comum na Europa. Deve ser sempre suspeitada quando existe história de viagem recente a áreas endémicas, por em Portugal existir apenas casos importados. Não existem sinais e sintomas específicos, apesar da febre ser encontrada ao exame objetivo em grande número de doentes. Salienta-se um diagnóstico laboratorial rápido e precoce permitindo um tratamento mais dirigido com diminuição da mortalidade e morbilidade.