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UM CASO DE ESCLEROSE MÚLTIPLA E ESTOMATITE AFTOSA GRAVE E RECORRENTE
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P631 - Resumo ID: 1263
Hospital Vila Franca de Xira
Ana Rita Lambelho, Márcia Pacheco, Carina Graça, Denise Lopes, Vânia Almeida, José Barata
Introdução: A maioria dos doentes com Esclerose múltipla apresenta doença em surto remissão manifestada tipicamente por síndrome clínica isolada sugestiva. Os autores pretendem apresentar um caso de Esclerose múltipla em concomitância com Estomatite aftosa particularmente grave e recorrente sob imunossupressão para controlo da doença.
Caso Clínico: Apresenta-se o caso de um homem de 20 anos, com antecedentes pessoais de síndrome vertiginoso aos 14 anos, com tomografia computorizada (TC) crânio-encefálica (CE) prévia sem alterações significativas. Tinha igualmente estomatite aftosa de difícil controlo desde os 15 anos, inclusivé com dois internamentos no Serviço de Pediatria para terapêutica endovenosa e alimentação parentérica. A destacar do estudo analítico realizado painel de vírus na úlcera oral Epstein Barr virus (EBV) positivo numa ocasião, serologias anti-EBV IgM indeterminado e IgG positivo e Vírus da Imunodeficiência Humana (VIH) negativo. Apresentava anticorpos antinucleares (ANA) negativos, anticorpos anti-Saccharomyces cerevisae (ASCA) positivo, anticorpos anti-transglutaminase negativo, tipagem (human leucocyte antigen) HLA B51 negativo, B7 e B27 positivo. Efetuou exames endoscópicos sem lesões e doseamentos de calprotectina negativos. Apresentou novo episódio de vertigem tendo realizado Ressonância magnética (RM) CE com múltiplas lesões desmielinizantes na espinhal medula, cerebrais, cerebelosas, nervo óptico esquerdo, lesões periventriculares e atividade inflamatória com realce em T1, que cumpriam critérios diagnósticos de Esclerose múltipla. Foi avaliado na consulta de Doenças Desmielinizantes tendo realizado punção lombar com presença de bandas oligoclonais IgG no líquido cefalorraquidiano (LCR). À avaliação neurológica prova dedo nariz com ataxia à esquerda, clónus assimétrico mais evidente à direita e reflexo cutâneo plantar sem resposta consistente. Foi também avaliado em consulta de Vertigem de Otorrinolaringologia, sendo assumida vertigem em provável sequência de surto da Esclerose múltipla. Foi assim estabelecido o diagnóstico de Esclerose múltipla surto remissão com surto inicial aos 15 anos.
Discussão: A patogénese da Esclerose múltipla ainda é desconhecida, no entanto a teoria mais aceite é de que se trata de uma doença inflamatória imunomediada caracterizada por linfócitos autorreativos. Na presença de HLA B7 tende a ser mais agressiva e recorrente. Por outro lado, a estomatite aftosa recorrente parece dever-se a uma desregulação imune da mucosa oral. A infeção por EBV é apontada como um possível fator desencadeante destas duas entidades cuja etiologia se mantém indeterminada.