QUESTIONAR PARA DIAGNOSTICAR
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P750 - Resumo ID: 1269
Serviço de Medicina Interna - Hospital Garcia de Orta
Francisca Abecasis, Inês Pintassilgo, Mafalda Sequeira, Henrique Santos
Introdução: Os tumores neuroendócrinos são neoplasias raras com origem mais frequente em células neuroendócrinas gastrintestinais e pulmonares.
Os sintomas clínicos podem ser escassos e inespecíficos levando a uma marcha diagnóstica desafiante.
Caso clínico: Os autores apresentam o caso de um homem com 75 anos e antecedentes de hipertensão arterial que foi referenciado a consulta de Medicina Interna após internamento por diarreia infeciosa a Aeromonas caeviae com múltiplas imagens hepáticas hipodensas interpretadas como abcessos na tomografia computorizada (TC) assim como espessamento da transição reto-sigmoideia (TRS). Realizou colonoscopia com evidência de infiltrado inflamatório crónico nas biópsias.
Na avaliação em consulta, um mês após a alta (Janeiro 2017), o doente mantinha queixas de múltiplos episódios diários de dejeções pastosas sem febre, perda ponderal, sudorese ou outros sintomas. Em Abril do mesmo ano inicia queixas de polidipsia e poliúria com diagnóstico inaugural de diabetes mellitus (Hb A1c 10.6%) tendo iniciado terapêutica dirigida.
Em TC de reavaliação mantinha as lesões hepáticas descritas e apresentava evidência de novo de lesões ósseas múltiplas sugestivas de metástases blásticas com cintigrafia óssea concordante.
O estudo para deteção de neoplasia oculta e posterior biópsia hepática ecoguiada foram inconclusivos, tendo realizado biópsia óssea guiada por TC de lesão ilíaca. O resultado histológico inicial identificou carcinoma pouco diferenciado. Foi pedida tomografia por emissão de positrões com fluorodeoxiglucose (PET-FDG) que se revelou negativa tendo fortalecido a suspeita de tumor neuroendócrino. Por este motivo foi pedida revisão da lâmina de histologia que confirmou o diagnóstico de neoplasia epitelial com diferenciação neuroendócrina de baixo grau (cromogranina A +, índice proliferativo (Ki67) inferior a 2%).
Foi referenciado a consulta de Oncologia com posterior PET DOTATATE que identificou tumor primário da TRS. Iniciou octreótido.
Discussão: O caso apresentado demonstra que é necessário um elevado nível de suspeição para o diagnóstico de tumores neuroendócrinos. Revela ainda a importância de uma marcha diagnóstica cuidada e da constante necessidade de interpretar e por vezes questionar os resultados obtidos nos exames complementares de diagnóstico.