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CAUSA RARA DE SÍNDROME DE STEVENS-JONSON
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P051 - Resumo ID: 1279
Hospital Vila Franca de Xira
Ana Rita Lambelho, Luísa Gomes Silva, Leuta Araújo, José Barata
Introdução: A Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) é uma reação mucocutânea grave que constitui uma emergência dermatológica, sendo caracterizada por uma resposta imunomediada com extensa necrose e descolamento da epiderme, mais frequentemente desencadeada por fármacos. As mucosas são afetadas em mais de 90% dos casos, geralmente em dois ou mais locais distintos. Este caso clínico pretende fazer uma revisão teórica da abordagem clinica da Síndrome de Stevens-Johnson, bem como apresentar a azitromicina com um potencial fármaco responsável.
Caso Clínico: Apresenta-se o caso de uma mulher de 72 anos, leucodérmica, autónoma, que recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por lesões cutâneas com 6 dias de evolução, associadas a prurido e mal-estar geral de agravamento progressivo. Quadro foi precedido de toma de azitromicina 2 dias antes do início das queixas, prescrita por odinofagia que já evoluía há uma semana. À observação, exibia dermatose bilateral e simétrica, generalizada, envolvendo face, tronco, membros, palmas e plantas, constituída por pápulas e placas eritematosas com crosta central (lesões ´em alvo´); associadamente erosões labiais e enantema da orofaringe, erosões palmares e plantares com hipersensibilidade. Da avaliação analítica destacava-se leucocitose de 11,7 103/μL (neutrófila 77,7%), elevação de Creatinina de 1.2 mg/dl, assim como das transaminases hepáticas (AST 51 UI/L, ALT 110 UI/L, GGT 282 UI/L, LDH 292 UI/L) e LDH de 292 UI/L. Foi assumido quadro sugestivo de Síndrome de Stevens-Johnson secundário a azitromicina e iniciou corticoterapia sistémica e terapêutica tópica. A doente foi internada para vigilância e continuação dos cuidados. Realizou biopsia cutânea que revelou epiderme com necrose difusa compatível com o diagnóstico de Síndrome de Stevens-Johnson. Da restante avaliação analítica efetuada, a destacar serologias com VDRL, VIH 1/2, anticorpo Anti-HCV, anticorpo Anti-HBs, anticorpo Anti-HBV IgM, anticorpo anti-CMV IgM e anticorpo anti-dsDNA negativos. Durante o internamento observou-se melhoria progressiva do quadro clínico, tendo alta com lesões em fase de resolução.
Discussão: A azitromicina é um antibiótico muito frequentemente prescrito, tendo um bom perfil de segurança e raramente apresentando reações alérgicas graves. Até ao momento existem apenas relatos isolados de casos na literatura de Síndrome de Stevens-Johnson atribuídos à azitromicina. No entanto, é importante começar a considerar ativamente a azitromicina como um fator de risco para a Síndrome de Stevens-Johnson, que pode apresentar nas suas formas mais graves elevada morbilidade e mortalidade (cerca de 10%), não podendo este facto ser ignorado aquando da sua prescrição.