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UM CULPADO POUCO FREQUENTE DE HEPATITE TÓXICA
Doenças hepatobiliares - E-Poster
Congresso ID: P411 - Resumo ID: 1286
Hospital Vila Franca de Xira
Ana Rita Lambelho, Luísa Gomes Silva, Leuta Araújo, José Barata
Introdução: A lesão hepática induzida por drogas pode-se desenvolver após o uso de muitos fármacos por meio de vários mecanismos. Este caso clínico pretende fazer uma revisão teórica da abordagem clinica da hepatite tóxica aguda, bem como apresentar a carboximaltose férrica com um potencial agente causador.
Caso Clínico: Apresenta-se o caso de um homem de 78 anos, leucodérmico, autónomo, com história pessoal relevante de insuficiência cardíaca e anemia por défice de ferro. Foi referenciado a consulta de Imuno-hemoterapia nesse contexto. Recorreu ao Serviço de Urgência (SU) por quadro de mal-estar geral, náuseas, epigastralgia e escleróticas ictéricas 1 dia após tratamento com carboximaltose férrica 1g ev neste hospital. Negava alterações recentes na terapêutica crónica ou consumo de outros fármacos/drogas. Á observação o apresentava-se apirético, ictérico, sem alterações à auscultação cardiopulmonar e à palpação abdominal. Da avaliação analítica destacava-se elevação das transaminases hepáticas (AST 3860 UI/L, ALT 2291 UI/L, GGT 119 UI/L e FA 263 UI/L) e bilirrubina (total 2.29 mg/dl e directa 0.84 mg/dl), bem como elevação de parâmetros de cinética do ferro (Sideremia 307 mcg/dl, Ferritina 1525 ng/ml, CTFF 216 ug/dl, e Transferrina 151 mg/dl). Por suspeita de hepatite aguda, realizou tomografia computorizada (TC) abdominopelvica que não revelou alterações agudas do fígado nem da vesicula e vias biliares. Foi internado para vigilância e continuação de cuidados. Da restante avaliação analítica efetuada, a destacar anticorpo Anti-HBs, anticorpo Anti-HCV, anticorpo Anti-VHA IgM e VIH 1/2 negativos. Realizou ecografia abdominal sem alterações significativas. Foi assumido quadro sugestivo de hepatite tóxica secundária a carboximaltose férrica. Durante o internamento observou-se melhoria progressiva do quadro clínico, tendo alta com função hepática e cinética do ferro em curva descendente; apresentando na consulta de reavaliação normalização dos valores.
Discussão: Diagnosticar a hepatite tóxica pode ser complicado devido à elevada suspeição clinica necessária, que depende da obtenção de uma cuidadosa história clinica e da exclusão de outras possíveis causas de lesão hepática. A carboximaltose férrica pode provocar toxicidade hepática através de necrose hepatocelular aguda com lesão citotóxica, no entanto este é um efeito adverso muito raro que ocorre em menos de 2% dos casos.