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BACTERIEMIAS ASSINTOMÁTICAS EM DOENTE COM PNEUMATOSE INTESTINAL E POLICITEMIA VERA
Doenças digestivas e pancreáticas - E-Poster
Congresso ID: P242 - Resumo ID: 126
Medicina Interna, ULSAM - Viana do Castelo, Portugal
José Costa Carvalho, Joana Couto, Ana Afonso, Carlos Ribeiro, Diana Guerra, Carmélia Rodrigues
Introdução:
A Policitemia Vera (PV) é um distúrbio mieloproliferativo com uma incidência de cerca de 2,5 casos por 100.000 pessoas. Muitas vezes o primeiro achado é um hemograma com hemoglobina elevada e os sintomas surgem secundariamente à hiperviscosidade sanguínea. Na literatura não estão descritos casos de Pneumatose Intestinal (PI) associados a PV e uma vez que a etiopatogénese da PI é, ainda, mal compreendida torna-se importante uma reflexão sobre esta associação. O caso apresentado releva-se ainda por bacteriemias recorrentes por diferentes bactérias.

Caso clínico:
Mulher de 75 anos, dependente de terceiros, com história de tuberculose pulmonar 5 anos antes, tratada. Trazida ao serviço de urgência por queixas de tosse com expectoração e dispneia. Constatada insuficiência respiratória hipoxémica secundária a infeção das vias aéreas superiores tendo ficado internada sob antibioterapia com amoxicilina e ácido clavulânico. De salientar, no estudo analítico, elevação das três linhagens de células do sangue periférico e elevação marcada da proteína C reativa (PCR).
Já no internamento, verificado isolamento de Staphilococcus hominis resistente à meticilina em 2 hemoculturas da admissão. Apesar de boa evolução clínica mas com manutenção de leucocitose e trombocitose, alterada antibioterapia para Vancomicina. Despistada endocardite infecciosa por ecocardiograma transtorácico. Verificada normalização da PCR mas com manutenção da elevação das contagens das 3 linhas celulares sanguíneas. Pela suspeita de PV feita pesquisa de mutação JAK2 que veio positiva, assumindo-se o diagnóstico.
Aos 10 dias de antibioterapia, repetidas 2 hemoculturas que vieram positivas para Staphilococcus capitis sensível à meticilina, apesar de a doente se encontrar assintomática. Optou-se por prolongar antibioterapia e solicitou-se tomografia computorizada de tórax e abdómen que descreveu escassas bolhas de pneumoperitoneu e alterações sugestivas de pneumatose intestinal, sem outras alterações. Por ser um achado e a doente estar assintomática manteve antibioterapia e vigilância apenas.
Repetiu hemoculturas com crescimento de Klebsiella pneumoniae ESBL+ e Pseudomonas aeruginosa. Apesar de estar apirética e sem elevação de parâmetros inflamatórios iniciou terapêutica com Imipenem durante 14 dias, mantendo-se sempre assintomática. Pelo estado de dependência prévio e pelo facto de estar assintomática, optou-se por não submeter a doente a mais exames e teve alta para seguimento em ambulatório.

Discussão:
A associação entre PV e PI não está descrita ainda na literatura. Uma etiologia conhecida de PI é a isquemia intestinal e uma vez que a PV pode aumentar a probabilidade de eventos trombóticos, poderia ser este o mecanismo desencadeador.
Salienta-se também a PI como diagnóstico diferencial na presença de bacteriemias, levantando a necessidade de discussão sobre a importância e qual a antibioterapia a instituir perante o achado de PI e bacteriemia assintomáticas.