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TRANSFORMAÇÃO CAVERNOSA DA PORTA
Doenças hepatobiliares - E-Poster
Congresso ID: P399 - Resumo ID: 1291
Hospital Santa Maria Maior, Barcelos, Braga
Marinha Silva, José Miguel Ferreira, Cristina Marques, Carla Lemos Costa, Carlos Oliveira
Introdução: A transformação cavernosa da veia porta tem etiologia multifatorial e traduz-se por trombose e dilatação varicosa da veia porta, manifestando-se por hipertensão portal com consequente esplenomegalia, trombocitopenia e hemorragia digestiva alta, por presença de varizes gastroesofágicas.
Caso clínico: Mulher de 57 anos, com antecedentes de infeções do trato urinário de repetição, tromboflebite e história de alergia ao marisco. Não fumadora, sem hábitos etílicos. Sem história familiar relevante. Enviada à consulta de Medicina Interna para estudo etiológico de isquemia de ansa do intestino delgado, submetida a enterectomia segmentar e hipocoagulada durante 9 meses, posteriormente antiagregada, sem outra medicação habitual. Na consulta referiu episódios de epigastralgia, dor abdominal tipo cólica e alteração do trânsito gastrointestinal, com mais de 7 dejeções diarreicas por dia, por vezes com sangue, sem febre, e queixas álgicas localizadas na anca direita com irradiação para a coxa. Ao exame objetivo apresentava bom estado geral, hemodinamicamente estável e apirética, sem ascite, sem artrite, sem mais alterações. Do estudo realizado, analiticamente, hemograma normal, velocidade de sedimentação 6 mm, função renal e tiroideia normais, sem défices vitamínicos, marcadores víricos, estudo protrombótico, genético e imunológico, incluindo SAF, negativos, ADA negativa. Fez endoscopia digestiva alta (EDA), que revelou gastropatia erosiva do antro com varizes esofágicas pequenas, e colonoscopia, sem alterações. A ecografia abdominal com doppler revelou “veia porta de aspeto alterado, sugerindo transformação cavernomatosa”, confirmada por doppler da porta, sem outras alterações. Por manter queixas repetiu EDA, que mostrou varizes esofágicas extensas, em contexto desta transformação cavernosa da veia porta, por hipertensão portal. O estudo genético complementar foi negativo. Reiniciou hipocoagulação oral, que mantém, estando em seguimento na consulta de Gastrenterologia em programa de erradicação de varizes esofágicas. Mantém-se clinicamente estável.
Discussão: A isquemia mesentérica é uma emergência vascular grave com elevada mortalidade e ocorre sobretudo em idosos, associando-se a doenças cardiovasculares. A trombose venosa mesentérica é uma forma de isquemia rara, predomina nas mulheres e tem como principais fatores de risco os contraceptivos orais, as doenças malignas, a hipertensão portal e o síndrome nefrótico. Neste caso clínico, a oclusão intestinal foi em território venoso no contexto da transformação cavernosa da veia porta, numa doente com trombose idiopática da veia porta.