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PNEUMONIA CRIPTOGÉNICA ORGANIZATIVA
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P824 - Resumo ID: 127
Centro Hospitalar Universitário de São João, Serviço de Medicina Interna
Claudemira Pinto, Filipa Silva, Joana Magalhães, Catarina Pereira, Arsénio Barbosa, Inês Marques, Jorge Almeida
A Pneumonia Criptogénica Organizativa (PCO) está incluída nas Pneumonias intersticiais idiopáticas com base em critérios clínicos. Antigamente denominada por Bronquiolite obliterante com Pneumonia organizativa (BOOP), tendo como faixa etária típica de 50 a 60 anos, afetando de igual modo os dois géneros. Os sinais caracterizam-se por tosse sem expectoração, dispneia, febre e astenia. A radiografia de tórax revela doença intersticial e parenquimatosa com infiltrados periféricos alveolares. Não há um tratamento definido, há uma resposta rápida ao corticoide em 66% dos casos.
Apresenta-se um homem de 73 anos, que recorreu ao SU por tosse e mal estar geral com uma semana de evolução. No dia anterior à vinda com episódio de parestesias, défice motor no membro superior esquerdo e desorientação, motivo pelo qual recorreu ao Hospital de Famalicão. Realizou TC cerebral com angio, sendo normais. Foi transferido para o SU do CHUSJ, onde apresentou crise convulsiva TCG que cedeu com administração de diazepam. Ao EO apresentava crepitações na base direita, sem outras alterações. Gasimetria com insuficiência respiratório tipo 1; analiticamente leucocitose, PCR 4.5 mg/L, função renal, ionograma e Urina tipo II sem alterações; TC Cerebral sem lesões isquémicas/hemorrágicas agudas; radiografia tórax com infiltrado na base direita; antigénios urinários para legionella e pneumococcus negativos; PL com 1 célula, sem alterações citobioquímicas. Foi internado na UPCIG onde iniciou ceftriaxone, ampicilina e aciclovir e fez switch no mesmo dia para amoxiciclina/ác.clavulânico, dado não haver evidencia de infecção do SNC. Após estabilização foi transferido para o internamento de Neurologia, medicado com levetiracetam 500mg 12/12h. A RM-CE revelou atrofia cortico-subcortical generalizada com discreta leucoencefalopatia isquémica associada e o EEG excluiu actividade epileptiforme. Iniciou desmame de levetiracetam e, por manter elevação dos parâmetros inflamatórios e insuficiência respiratória, foi transferido para o Serviço de Medicina Interna. O TAC tórax mostrou densificações bilaterais de distribuição perilobular, com áreas com sinal do atol, sugerindo pneumonia organizativa e enfisema centrilobular nos lobos superiores. Iniciou corticoterapia. Realizou broncofibroscopia com contagem celular normal, contagem diferencial com linfocitose, neutrofilia e eosinofilia, predomínio de CD8+, pesquisa de células malignas negativa, bacteriológico, micológico e micobacteriológico negativos no LB e LBA. Fez biopsia pulmonar que descreve ´Parênquima pulmonar com discreto infiltrado inflamatório linfocitário, a integrar no contexto clínico.´ Apresentou melhoria clinica, com resolução da dispneia, tosse e insuficiência respiratória. Assim, podemos concluir que estamos perante um caso de PCO em que apesar das recidivas serem frequentes, o prognóstico a longo prazo costuma ser bom para aqueles que respondem ao tratamento com corticoide.