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A INFLUÊNCIA DO INTERNAMENTO NO TRATAMENTO DA DIABETES MELLITUS
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - Comunicação
Congresso ID: CO178 - Resumo ID: 1300
Centro Hospitalar e Universitário do Algarve, Unidade de Faro
Tiago Martins Branco, Teresa Tomásia Silva, Iryna Lazenko, Ana Baptista, Mario Lázaro
Introdução: Um internamento é um momento importante na saúde de um indíviduo, sendo uma oportunidade excelente para abordar a várias patologias do doente, principalmente um doente geriátrico.

Objectivo: Descrever como um internamento em enfermaria de medicina modifica a terapêutica antidiabética numa população geriátrica

Material e métodos: Desenhou-se um estudo descritivo retrospectivo, onde consultou-se processos de doentes internados ao longo do 1º trimestre de 2018 no serviço de Medicina 2 do Centro Hospitalar e Universitário do Algarve. Recrutou-se 66 participantes com idade ≥65 anos e diagnóstico prévio de Diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Esta população apresentava uma idade média de 82 anos (65-97 anos), sendo constituída por 59,15% de mulheres. Em termos de controlo metabólico calculou-se uma hemoglobina A1c glicada média de aproximadamente 8%. Como complicações associadas descreve-se: retinopatia diabética 4,5%; nefropatia diabética 60,6%; neuropatia diabética 6,1%; evento macrovascular 48,5%. Relativamente à terapêutica com antidiabéticos orais (ADO) prévia ao internamento: 65,2% estavam medicados com 1 agente, 30,3% com 2 fármacos; e 4,5% com 3 medicamentos. No que toca à classe de ADO escolhida: 53,0% tomavam inibidores da DPP4; 45,5% metformina; 19,7% sulfenilureias; 3,0% inibidores da SGLT2; e 1,5% acarbose. Posteriormente ao internamento 81,4% estava com 1 ADO; 16,9% com 2 ADO; e 1,7 ficou com 3 ADO. O perfil de classes farmacológicas: 32,2% medicados com inibidores da DPP4; 28,8% sob Metformina; 6,8% com sulfenilureias; e 1,7% com inibidores da SGLT2.
Considerando a terapêutica com insulina, 34,8% dos participantes encontrava-se sob alguma forma de insulinoterapia. Após o internamento, o número de doentes sob o tratamento com insulina era de 40,7%.

Discussão: Está-se perante uma população idosa com um controlo metabólico não muito estrito (HbA1c média 8%). Isto reflecte-se numa taxa de eventos macrovasculares considerável (48,5%). Todavia, as taxas de complicações microvasculares são diminutas quando comparadas com a anterior. Muito provavelmente estar-se-á perante um viés de informação, uma vez que é habitual a sua omissão nos registos de internamento.
Relativamente aos ADO utilizados nota-se uma preferência pelos inibidores da DPP4 antes e após a hospitalização, algo expectável tendo em conta o perfil de segurança destes fármacos e a população em questão. No que toca à insulinoterapia verificou-se uma taxa de insulinização de 20%.
O internamento condicionou alterações na abordagem farmacológica da DM2 em 45,8% dos participantes com uma intensificação da terapêutica em 16,7%; uma redução em 16,7%; e em 7,6% uma alteração na classe de ADO prescrito.

Conclusão: Um internamento é um evento importante na vida de um doente geriátrico com diabetes. Na casuística em questão, verificou-se uma alteração da estratégia terapêutica em 45,8% dos casos, onde 44,9% sofreu uma mudança no grau de intensidade do controlo metabólico.