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ARTRITE REUMATOIDE DISFARÇADA
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P100 - Resumo ID: 1302
Serviço de Medicina Interna - Hospital Central do Funchal
Bela Machado, Carolina Barros, Helena Freitas Luís, Mariana Mendes Gomes, Mariana Bilreiro, Lino Nóbrega, Luz Brazão
A artrite reumatoide é uma doença inflamatória sistémica, crónica que envolve sobretudo as articulações. O envolvimento articular caracteriza-se por uma rigidez matinal com duração variável, tumefação e dor nas articulações, com um envolvimento simétrico e a presença de nódulos subcutâneos. Porém outros órgãos podem ser envolvidos em cerca de 40% dos doentes. Os fatores de risco conhecidos para um envolvimento sistémico e extra-articular são a presença de títulos elevados do factor reumatoide, do anticorpo contra as proteínas citrulinadas (Anti-CCP) e de hábitos tabágicos.
O caso clínico retrata um doente do género masculino, com 59 anos de idade, com antecedentes pessoais de diabetes mellitus não insulino tratado com retinopatia diabética, hipertensão arterial e hábitos alcoólicos com um episódio de pancreatite. Recorreu ao Serviço de urgência por perda ponderal não voluntária de 10Kg nos últimos três meses acompanhado por anorexia não seletiva, fadiga e gonalgia bilateral com uma semana de evolução. Ao exame objetivo apresentava tumefação das articulações interfalângicas proximais e distais do 2º e 3º dedo de ambas as mãos, não dolorosas e dor à palpação articular de ambos os joelhos. Sem outros achados. Analiticamente o doente apresentava uma anemia normocítica e normocrómica (Hb 10,8g/dL), uma leucocitose com neutrofilia e um aumento da velocidade de sedimentação (79mm) e da proteína C reactiva (177.86mg/L).
O doente ficou internado no serviço de Medicina interna para estudo etiológico da perda ponderal e por suspeita de neoplasia. As serologias víricas foram negativas. Realizou estudo do tubo digestivo com endoscopia digestiva alta e baixa que não revelaram alterações. A tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica mostrou um extenso compromisso calcificante vascular, não só da aorta como das estruturas arteriais emergentes. A ecografia da tiroide não mostrou alterações de relevo. Para despiste de uma possível doença autoimune foi pedido o estudo de autoimunidade que revelou positividade para o factor reumatoide e o anticorpo anti-CCP. O doente iniciou tratamento com metotrexato e corticoterapia. Após 6 meses de vigilância na consulta de Medicina, verificou-se uma melhoria das gonalgias, sem anemia e com normalização da velocidade de sedimentação e da proteína C reactiva.
Este caso pretende demonstrar a importância do estudo da autoimunidade e das semelhanças à apresentação de uma doença autoimune com uma possível neoplasia. A maioria dos doentes com artrite reumatoide têm uma anemia normocítica que se correlaciona com a atividade da doença e podem apresentar queixas à admissão inespecificas tais como a perda ponderal e a fadiga.
O controlo das manifestações sistémica da artrite reumatóide incluem o tratamento com imunosupressores como o metotrexato. O envolvimento extra-articular é um marcador da severidade da doença e está associado a uma elevada morbilidade e mortalidade precoce.