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UMA CAUSA POUCO COMUM DE CARCINOMATOSE PERITONEAL
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P756 - Resumo ID: 1306
Serviço de Medicina Interna; Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, E.P.E.; Clínica Universitária de Medicina Interna, FMUC
Sara Brandão Lopes, Ana Catarina Lucas, Adélia Simão, Armando Carvalho
Introdução: A carcinomatose peritoneal (CP) corresponde a uma fase avançada da evolução de um processo maligno, associando-se a prognóstico mais sombrio. Uma causa rara, mas de incidência crescente de CP, é o mesotelioma peritoneal, associado à exposição a asbestos, radioterapia abdominal, sequelas de tuberculose ou a outras infecções crónicas peritoneais.
Caso Clínico: Doente do sexo masculino, 70 anos, com antecedentes pessoais de asbestose, diagnosticada há 20 anos, recorre ao serviço de urgência por distensão abdominal que agravava com a ingestão alimentar, astenia e perda ponderal de 5% (5 kg) com 1 mês de evolução. Sem outros sintomas associados. Ao exame objectivo encontrava-se emagrecido com abdómen globoso, tenso, com onda ascítica positiva. Era portador de tomografia computorizada (TC) abdomino-pélvica do exterior com presença de “volumoso derrame peritoneal livre, sinais de carcinomatose, fígado sem alterações descrevendo-se na escavação pélvica, no espaço mesorrectal à esquerda uma massa sólida, não sendo possível afirmar tratar-se de lesão primária ou secundária.” No internamento, analiticamente sem alterações, nomeadamente nas serologias víricas, provas tiróideas e interferão Gama negativo. Foi submetido a paracentese diagnóstica com GASA <1.1 g/dl e sem presença de células neoplásicas. Realizou endoscopia digestiva e colonoscopia sem alterações de relevo. Em tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica (TC-TAP) foi objectivado “espessamento nodular da pleura, particularmente exuberante na pleura diafragmática”. Atendendo aos achados da TC-TAP, procedeu-se à biópsia de massa do mesorrecto por eco-colonoscopia e de implante de carcinomatose peritoneal guiado por ecografia, cujas histologias foram compatíveis com mesotelioma peritoneal, tendo-se optado por quimioterapia intra-peritoneal.
Conclusão: A sintomatologia do mesotelioma peritoneal é inespecífica, sendo a apresentação mais frequente a dor abdominal e perda de peso. Este caso realça a necessidade de considerar como diagnósticos diferencias os tumores mais raros, sobretudo quando há uma história pessoal associada ao risco aumentado destas patologias, assumindo o exame histológico um papel importante no diagnóstico. O mesotelioma peritoneal, embora possa metastizar, é um tumor que se destaca pela sua capacidade invasora local, determinando morbi-mortalidade elevada.