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SINTOMAS PARANEOPLÁSICOS
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P725 - Resumo ID: 1308
Hospital do Espírito Santo Évora
Maria Piteira, Ana Bernardo, Susana Escária, Teresa Piteira, Alicia Guadalupe, Madalena Rangel, Vera Sarmento, Sara Correia, Maria Menezes, Margarida Massas, Mariana Soares, Claudiu Guz, Maria Corraliza, Conceição Barata
Introdução: A doença cerebrovascular é a segunda complicação neurológica mais comum que ocorre nos doentes com cancro, e o próprio Acidente Vascular Cerebral (AVC) pode ser a primeira manifestação de uma neoplasia oculta. É frequente a associação de Tromboembolismo Pulmonar (TEP) com neoplasias malignas principalmente naqueles com tumores de pâncreas, próstata, pulmão e mama.
Caso clínico: Doente do sexo masculino, 63 anos, com antecedentes pessoais de Diabetes Mellitus tipo II e Hipertensão Arterial (medicada e controloda), internado por quadro de disartria e paresia facial central, com cerca de 48h de evolução e de início súbito. A admissão, para além dos défices neurológicos já descritos, apresentava febre (temperatura timpânica 38,3ºC); Na avaliação analítica destacava-se o aumento dos parâmetros inflamatórios (PCR 25,7mg/dL, Leucócitos 12200ul) e padrão de citocolestase (ALT 65U/L, GGT 1572U/L, FA 695U/L, Bilirrubina total 1,90mg/dL); Na Tomografia Computorizada (TC) de crânio era visível a lesão isquémica recente em território parcial da artéria cerebral posterior e a ecografia abdominal revelou múltiplas lesões nodulares sólidas disseminadas por ambos lobos hepáticos, sugestivos de lesões secundárias ou abcessos. Ficou internado num serviço de Medicina Interna, para vigilância e estudo suplementar. A TC abdominal sugeriu em primeira instância tratar-se de lesões secundárias com provável atipia pancreática e a nível pulmonar relatou-se TEP bilateral. Foi realizada biopsia hepática com confirmação de infiltração por adenocarcinoma moderadamente diferenciado e o perfil imunohistoquímico foi sugestivo de origem gástrica, via biliar intrahepática ou pancreático. O doente foi encaminhado para a consulta de Oncologia.
Discussão: Os estados de hipercoagulabilidade presente em doentes oncológicos faz com que os fenómenos trombóticos sejam frequentes. Os doentes com patologia do foro oncológico apresentam risco aumentado de eventos isquémicos cerebrais e estes constituem a segunda lesão cerebral mais frequente, depois das lesões metastáticas. É de realçar que o AVC pode ter sido o motivo de ida ao Serviço Hospitalar mas o diagnóstico de neoplasia oculta poderia não ter sido efetuado, caso não existissem alterações analíticas sugestivas de patologia hepática. Não é pratica comum realizar estudo de imagem torácica e abdominal em doentes com eventos cerebrais isquémicos, sem outros achados. De referir que neste doente a neoplasia oculta é somente mais um fator de risco, pois apresentava outros fatores de risco cerebrovasculares, como a Hipertensão Arterial e a DM. No entanto, doentes com AVC´s criptogénicos são relativamente comuns e nestes casos a pesquisa de uma neoplasia oculta deve ser efetuada.