Patrícia Carneiro, Hugo Viegas, Sónia Serra, Ermelinda Pedroso
INTRODUÇÃO: A Consulta de Hemostase e Trombose foi criada no nosso Hospital em 2009 como consulta de subespecialidade de Medicina Interna, pela necessidade de agrupar os doentes com distúrbios da coagulação. Os doentes com patologia trombótica constituem a grande maioria dos doentes referenciados a esta consulta. O Tromboembolismo Venoso (TEV) tem uma prevalência muito elevada, sendo uma das doenças cardiovasculares mais frequentes com que a maioria dos médicos se depara pelo menos uma vez ao longo da sua carreira.
OBJETIVOS: Definir a população em seguimento na consulta de Hemostase e Trombose de um Hospital distrital, os diagnósticos mais frequentes e a indicação para a investigação realizada.
MATERIAIS E MÉTODOS: Foram consultados os processos clínicos dos doentes avaliados em consulta de Hemostase e Trombose durante o ano de 2017. As características demográficas, diagnósticos e estudo etiológico foram tratados em Excel.
RESULTADOS: Durante o ano de 2017 foram realizadas um total de 201 consultas, das quais 70 eram primeiras consultas. Dos doentes avaliados, 65% eram do sexo feminino e 35% eram do sexo masculino, sendo a idade média dos mesmos de 56,8±15 anos. A moda foi de 71 e a mediana foi de 78. A doente mais jovem tinha 20 anos e a doente mais idosa tinha 87 anos. Comparando a idade dos doentes com o género verificamos que em todas as classes etárias há uma maior prevalência do sexo feminino, excepto na faixa dos 60 aos 69 anos. Mais de 80% dos doentes são referenciados por TEV, 41,4% sob a forma de Trombose Venosa Profunda (TVP) e 25,5% de Tromboembolismo Pulmonar (TEP), sendo que em 12,4% dos doentes estas duas entidades estão presentes em simultâneo. Também comuns foram os pedidos de consulta por colite isquémica (7,6%) e por alteração das provas de coagulação ou achados positivos no estudo genético (5,2%). Os pedidos de consulta de Hemostase e Trombose provinham na sua maioria da Consulta Externa (40%). O Serviço de Urgência e o Internamento contribuem cada um com 25% de todos os pedidos. Os restantes 10% compõem os doentes referenciados através do Médico de Família e do Hospital de Dia de Medicina Interna. Em termos de estudo etiológico constatou-se que mais de 40% dos doentes referenciados a uma primeira consulta de Hemostase e Trombose, tinham já feito estudo da coagulação que não estaria indicado.
CONCLUSÃO: A consulta de Hemostase e Trombose é constituída na sua grande maioria por doentes pós-TEV. Cerca de 2/3 dos doentes é do sexo feminino, com uma grande prevalência de mulheres entre os 40 e os 49 anos. A consulta externa é o serviço que mais referencia doentes a esta consulta. Constatou-se que um número significativo de doentes teria já feito investigação de distúrbios da coagulação que não estariam indicados ou que foram realizados em fase aguda de doença, o que se traduz em gastos desnecessários em saúde, sem benefício para o doente.