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ANÁLISE DESCRITIVA DE 3 ANOS DE INTERNAMENTO NUMA UNIDADE DE ORTOGERIATRIA
Medicina Geriátrica - Comunicação
Congresso ID: CO145 - Resumo ID: 1313
Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho
Gabriel Atanásio, Pedro Magalhães, Ema Neto, Filipa Sousa, Tiago Fernandes, Rafaela Veríssimo, Agripino Oliveira
Introdução: A fratura do colo do fémur no idoso é causa de internamentos prolongados com altas taxas de mortalidade e complicações médicas que condicionam a recuperação do estado funcional prévio. A cirurgia precoce com posterior admissão em unidades com capacidade da abordagem total do doente idoso complexo surgem aqui como uma forma de otimizar a abordagem destes doentes.
Objectivos: Descrição das características populacionais e resultados dos doentes internados numa unidade de ortogeriatria ao longo de 3 anos.
Métodos: Selecionaram-se todos os doentes internados numa unidade de ortogeriatria do CHVNG/E durante os anos de 2016, 2017 e 2018. Foram registadas as características demográficas, epidemiológicas e clínicas destes doentes.
Resultados: Durante os anos decorridos entre 1 de Janeiro de 2016 e 31 de Dezembro de 2018 foram internados na Unidade de Ortogeriatria do CHVNG/E 343 doentes. A média de idades foi de 84 anos havendo um predomínio de indivíduos do sexo feminino com mais de 80% das admissões. Da avaliação do grau de autonomia prévio verificou-se que o grau de autonomia prévio era elevado, com mais de 50% da população sendo KATZ A ou B. A grande maioria dos doentes admitidos tinham múltiplas comorbilidades, sendo que apenas 20 doentes não possuiam qualquer comorbilidade na admissão. As patologias mais frequentes foram a HTA, presente em > de 70% dos doentes, seguindo-se-lhe a insuficiência cardíaca, em 35% dos casos, a dislipidemia 33% e a osteoporose em 32%. O tempo médio de espera pela intervenção cirúrgica foi de 2,6 dias tendo sido depois transferidos para esta unidade onde ficaram em média 12 dias. As complicações mais frequentes do internamento foram a anemia que ocorreu em 56% dos doentes, seguindo-se-lhe as intercorrências infeciosas (urinárias respiratórias ou da ferida operatória) que ocorreram em 26% dos casos. Não desprezível foi a presença de síndrome confusional agudo em 9% dos doentes. A grande maioria dos doentes,73%, teve alta para ambulatório sendo que apenas 7% foram referenciadas para a rede nacional de cuidados continuados. A taxa de mortalidade durante o internamento foi de 3% sendo que no final dos 3 anos 28% estavam mortos, tendo sobrevivido em média 10 meses em ambulatório.
Conclusão: A fratura do colo do fémur é uma patologia do idoso e sobretudo do idoso com múltiplas co-morbilidades. Além das complicações da intervenção cirúrgica e infeção e o síndrome confusional agudo tendem a ser fatores descompensadores e prolongadores do internamento. A admissão em unidades especializadas parece ser vantajoso no que diz respeito a diminuição da mortalidade mas talvez esta continuação de cuidados mereça ser melhor gerida em ambulatório.