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UMA COMPLICAÇÃO TROMBÓTICA PÓS CIRÚRGICA
Doenças hematológicas - E-Poster
Congresso ID: P313 - Resumo ID: 1315
Centro Hospitalar do Oeste - Unidade de Torres Vedras
Fabiana Pimentel, Lisete Nunes, Ivone Barracha, Rosa Amorim
Introdução: A trombocitémia essencial (TE) é um distúrbio mieloproliferativo incomum, com uma incidência de 1 a 2/100000 habitantes. Segundo a OMS o seu diagnóstico implica uma contagem de plaquetas ≥ 450 × 10^9/L, sinais de proliferação da linhagem megacariocítica na avaliação morfológica medular e presença das mutações JAK2, CARL ou MPL. Esta definição obriga a exclusão de critérios diagnósticos de outro tipo de neoplasia mieloide ou de trombocitose reactiva. Está associada a complicações microvasculares tromboembólicas e/ou a discrasias hemorrágicas e apresenta risco de progressão fibrótica, em cerca de 4 a 11% dos casos, e leucémica, em 2,1 a 5,3%. A terapêutica medicamentosa tem como indicação prevenir as complicações, sem papel modificador da história natural da doença.

Caso Clínico: Doente do sexo masculino, de 72 anos de idade, internado no serviço de Cirurgia por hernioplastia inguinal com prótese programada, complicada por hemorragia da ferida operatória. Antecedentes pessoais de Acidente Isquémico Transitório em 2009, sob terapêutica com Clopidogrel 75mg/dia. Pedido o apoio da Medicina Interna por episódio auto-limitado e presenciado de disartria. Ao exame objectivo salienta-se Glasgow coma scale de 15, sem alterações da linguagem, sem queda na prova dos braços estendidos ou Mingazzini, sem dismetria, sem alterações da sensibilidade álgica ou défices de pares craneanos, pontuando NIHSS 0. Auscultação cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdómen mole, depressível e indolor, sem hepatoesplenomegália palpável. Penso da ferida cirúrgica limpo e seco. TC-CE sem sinais de isquémia ou hemorragia. Analiticamente salienta-se plaquetas 1069000/uL, com Hb 13.9g/dl e leucócitos 4500/uL. Estudo da cinética do ferro e doseamentos vitamínicos de B12 e B9 dentro dos valores de referência. Após revisão dos antecedentes do doente apurou-se presença de trombocitose em análises datadas de 2009. Ecografia abdominal sem hepatoesplenomegália. O mielograma revelou aumento da série megacariocítica e a biópsia óssea achados de hiperplasia megacariocítica com elementos multinucleados formando agregados, sem fibrose do estroma, achados compatíveis com neoplasia mieloproliferativa - trombocitémia essencial. Rastreio genético com identificação da mutação V617F no gene JAK2. Tratando-se de um doente de elevado risco, iniciou terapêutica com hidroxiureia e antiagregação com ácido acetilsalicílico e teve alta encaminhado para consultas de Hematologia e Medicina Interna.

Conclusão: O prognóstico da TE depende do risco trombótico, hemorrágico e da progressão clonal para mielofibrose ou leucemia aguda que apresenta, pelo que o diagnóstico e seguimento destes doentes é de suma importância. Os autores realçam este caso pelas complicações trombóticas e hemorrágicas que ocorreram, num doente com TE não diagnosticado.