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O QUE PODEMOS EVITAR - A PROPÓSITO DE UMA LOMBALGIA
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - Imagens em Medicina
Congresso ID: IMG190 - Resumo ID: 1316
Unidade Local de Saúde de Castelo Branco, Hospital Amato Lusitano
Pedro Leite Vieira, Rui Isidoro, Paula Paiva, Alexandre Louro, Maria Eugénia André
A Espondilite Anquilosante (EA) inclui-se entre as espondilartrites com uma prevalência de 0.5-1%. Apresenta-se tipicamente com dor lombar inflamatória e limitação funcional. O diagnóstico assenta nos critérios de Nova Iorque modificados e 90% dos doentes apresentam o alelo HLA-B27 positivo.
Mulher, 56 anos, trabalhadora agropecuária. Referenciada à consulta por lombalgia. Obesa e irmã com diagnóstico de EA. Refere lombalgia há 20 anos, nos primeiros 10 de características inflamatórias e com resposta a AINEs. Depois, agravamento progressivo, ritmo misto, associada a ciatalgia direita, recurso a auxiliar da marcha e falência de resposta aos AINEs (FR aos AINEs). Objetivamente, dor à palpação das apófises espinhosas dorso-lombares e articulações sacro-ilíacas. Teste de Schoeber (TS) 10 -> 11.5cm. Dos exames complementares: Hemoglobina 10g/dL, microcítica; Sem leuco-neutrofilia; PCR 24.8mg/L; VS 42mm/h. ANAs, Anti-CCP e RA teste negativos; HLA-B27 positivo; IGRA positivo; Serologias de VHB, VHC e VIH negativas. TC-Lombar: “fusão dos corpos vertebrais D10-D12 e L1-L2 e ligamentos inter-espinhosos e amarelos calcificados, a sugerir espondilartropatia inflamatória”. RM-Sacro-ilíaca com sacro-ileíte. Assumida EA com FR aos AINEs e elevado índice de atividade (ASDAS: 4.6; BASDAI: 6.1). Após terapêutica antibacilar para tuberculose latente iniciou terapêutica com etanercept com franca melhoria funcional e de qualidade de vida (QdV), retomando o seu trabalho, caminhando sem auxiliar da marcha (ASDAS: 2.2 e BASDAI: 4.3) e TS 10 -> 14cm.
Sendo a dor lombar um sintoma frequente, esta imagem e caso clínico pretendem enfatizar a importância da correta avaliação e integração dos achados clinico-imagiológicos para um diagnóstico precoce, evitando assim, a progressão natural da doença com relevante impacto na QdV. Pretende-se ainda demonstrar que a terapêutica biológica, ainda que não reverta as lesões estruturais já instituídas, permite enormes ganhos funcionais e na QdV.