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PNEUMONITE DE HIPERSENSIBILIDADE: UM DESAFIO DIAGNÓSTICO
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P829 - Resumo ID: 1320
Centro Hospitalar de Trás os Montes e Alto Douro - Unidade de Chaves
Mariana Certal, Rita Gamboa Cunha, Adelaide Moutinho, Ana Isabel Loureiro, Sandra Tavares, Paula Vaz Marques
Introdução: A Pneumonite de Hipersensibilidade (PH) é uma síndrome rara que frequentemente se apresenta com um quadro clínico inespecífico. A heterogeneidade de sinais e sintomas que lhe podem estar associados, leva a um difícil reconhecimento da doença e, consequentemente, ao seu subdiagnóstico. Caso clínico: Homem de 65 anos, não fumador, com antecedentes de dislipidemia, hipertensão arterial e adenocarcinoma do reto diagnosticado em 2003, submetido a resseção anterior com radioterapia e quimioterapia adjuvantes, sem evidência de recidiva. Admitido no serviço de urgência por síncope. Referia tosse seca persistente, sudorese noturna, febrícula, perda ponderal, astenia e anorexia com seis meses de evolução. Objetivamente, apresentava-se apirético, normotenso, eupneico e sem alterações à auscultação cardíaca e pulmonar. A radiografia do tórax mostrou infiltrados bilaterais caracterizados na tomografia computorizada (TC) como nodulariformes, em vidro despolido, com maior expressão no lobo superior direito. O Ziehl Neelsen foi negativo assim como o bacteriológico da expectoração e as hemoculturas. A prova de Mantoux foi anérgica. Do estudo analítico, destacava-se VS 63 mm, sem outras alterações. O estudo autoimune e as serologias víricas foram negativas. A broncofibroscopia mostrou hipertrofia glandular marcada. No aspirado brônquico foi isolado H. influenza, tendo sido instituída antibioterapia com Sulfametoxazol e Trimetropim. O lavado broncoalveolar (LBA) apresentava uma celularidade total aumentada,linfocitose 59%, macrófagos 37%, mastócitos 1% e relação CD4/CD8 2.4. Um LBA com características sugestivas de PH levou a uma exploração mais aprofundada da exposição ambiental, sendo identificado contacto com um papagaio desde há 15 anos. Recomendou-se a evicção da fonte de exposição. As precipitinas foram negativas e a biópsia transtorácica mostrou lesões de pneumonia intersticial granulomatosa, com leve infiltrado inflamatório intersticial linfocítico, raros plasmócitos e diversos histiócitos epitelióides. A TC do tórax de alta resolução mostrou discreta densificação do parênquima pulmonar, em vidro despolido, associada a vagas nodularidades centrilobulares, mal definidas, que poderiam configurar uma pneumonite de hipersensibilidade em fase subaguda. Iniciou corticoterapia com prednisolona que reduziu progressivamente ao longo de 8 meses, verificando-se boa resposta clínica e radiológica. Discussão: Os autores realçaram a dificuldade diagnóstica nas PH por não existir nenhuma alteração patognomónica. Como foi mostrado, as precipitinas séricas não são encontradas na totalidade dos casos. No entanto, a presença de alterações imagiológicas, citológicas e história exposicional sugestiva, associada a uma resposta clínica e imagiológica favorável com a corticoterapia e evicção da exposição causadora, permitiram a confirmação da PH ao papagaio e corroboraram a necessidade de extensa investigação no estabelecimento do seu diagnóstico.