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O IMPACTO DA INSUFICIÊNCIA CARDÍACA, NO NORDESTE DE PORTUGAL – CASUÍSTICA DE UMA CONSULTA DIFERENCIADA
Doenças cardiovasculares - Poster com Apresentação
Congresso ID: PO014 - Resumo ID: 1330
Unidade Hospitalar de Bragança, Unidade Local de Saúde do Nordeste, Bragança, Portugal.
Ana Margarida COELHO, Lília CASTELO BRANCO, Cátia Marisa Loureiro PEREIRA, Elisabete PINELO, Romeu PIRES, Eugénia MADUREIRA
INTRODUÇÃO: A insuficiência cardíaca (IC) é uma doença crónica, progressiva que pode evoluir para um estado de refractariedade terapêutica. Apesar da melhoria substancial do tratamento, a doença permanece com elevadas taxas de morbimortalidade e custos associados.
MÉTODOS E OBJETIVOS: Estudo retrospetivo e transversal, com amostra de doentes com diagnóstico de IC, orientados para a consulta de IC, entre janeiro e outubro de 2017 com o objetivo de determinar o impacto de uma consulta diferenciada nos cuidados de saúde prestados aos doentes, sendo avaliados: parâmetros laboratoriais e ecocardiográficos, frequência e duração de hospitalizações por IC.
RESULTADOS: Foram avaliados 64 doentes, 78,1% do sexo masculino, com média de idades de 75,08 anos (min.45, máx.90), sendo 79,7% autónomos para AVD’s, 65,6% foram referenciados após internamento e 17,2% de outras consultas. Nos 12 meses pré-admissão na consulta, 81% dos doentes foram hospitalizados por descompensação de IC (81 internamentos - média 6,75/mês) sendo mais frequente nos doentes com fração de ejeção (FE) deprimida versus 75% de doentes hospitalizados após seguimento em consulta(48 internamentos - média 4,8/mês), tendo sido avaliados em consulta em média de 3 vezes (mín.1, máx.10). Inicialmente 45,3% dos doentes tinham FE reduzida, descendo para 31,3% na ultima avaliação; verificou-se transição de FE reduzida para conservada em 3 doentes, 6 para FE midrange e outros 6 de FE midrange para conservada; 54,7% dos doentes apresentavam FE conservada, com 51,6% dos doentes em classe II, 26,6% em classe III e 21,9% em classe I de NYHA. A principal queixa foi a dispneia (70,3%), seguida do cansaço (37,5%) e sinais/sintomas (in)diretos de congestão – edemas (50%), crepitações (31,3%). Relativamente à etiologia: 28,1% causa multifatorial (mais prevalente na FE conservada), 26,6% de causa isquémica (mais frequente na FE reduzida), 12,5% causa valvular e arritmogénica, 10,9% dilatada idiopática e 3,1% etiologia alcoólica. De referir que 68,75% dos doentes apresentavam fibrilhação auricular, exectuando um doente todos os outros estavam sob hipocoagulação, sendo rivaroxabano terapêutica mais frequente. As comorbilidades mais frequentes foram: HTA (89,3%), dislipidemia (53,1%), doença pulmonar crónica (40,6%), diabetes e EAM prévio (28,1% mais prevalente FE reduzida), doença renal crónica (25%), obesidade (21,9% mais prevalente se FE conservada) e doença hepática (7,8%). 71,9% negaram hábitos alcoólicos, mas 10,9% eram ex-consumidores enquanto 17,2% mantinham hábitos, sendo mais prevalente na FE reduzida. A maioria dos doentes manteve seguimento em CE de Medicina Interna (46,87%), de salientar 18,75% acabaram por morrer, deste 9 por evolução da doença, 4 com FE reduzida.
Conclusão: Verificou-se recuperação da FE na maioria dos doentes, com redução de grupo em 15 doentes e uma diminuição do número de internamentos por IC, o que está de acordo com o benefício expectável de uma vigilância mais apertada.