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IMPACTO DA MEDICINA INTERNA NO APOIO AO DOENTE CIRÚRGICO – AVALIAÇÃO RETROSPECTIVA
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO028 - Resumo ID: 1332
Serviço de Medicina 1.4, Hospital de São José, Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central
Leonor Soares, Carolina Midões, Carla Maravilha Pereira, Estefânia Turpin, Tiago Pacheco Umbelina Caixas, Helena Amorim
Introdução: A Medicina Interna (MI) é a especialidade hospitalar, por excelência, vocacionada para a abordagem exaustiva de doentes complexos. Apesar do seu âmbito de acção incidir maioritariamente sobre patologias de foro médico, tem também papel central na colaboração com outras especialidades. O presente trabalho ilustra a colaboração directa, ao longo de 6 meses, de um serviço de Medicina, com 5 serviços cirúrgicos - Unidade de Fracturas (UF), Unidade Vértebro-Medular (UVM), Urologia (Uro), Otorrinolaringologia (ORL) e Cirurgia Maxilo-Facial (CMF).

Objectivos: Caracterizar a população observada nas enfermarias das especialidades supra-citadas, dos principais motivos de chamada e respectivo diagnóstico. Descrever o impacto do apoio da MI através do cálculo da média de tempo de acompanhamento, do número de transferências e da taxa de mortalidade.

Material e Métodos: Estudo observacional do tipo coorte retrospectivo onde foram incluídos os doentes internados nos serviços supracitados e avaliados pela MI no período compreendido entre 01-07-2018 e 31-12-2018. Foram colhidos dados demográficos e clínicos do SClínico® e aplicada estatística descritiva usando o SPSS® versão 23.

Resultados: Foram incluídos neste estudo 171 doentes, 60.8% do sexo masculino, com mediana de idades de 77 anos (mínimo (min) 25, máximo (máx) 103) e com tempo médio de seguimento (no serviço de origem) de 4,9 dias (min 1, máx 40). 35,1% dos pedidos de colaboração foram provenientes da Uro, enquanto 28.7% da UF. Os principais motivos de chamada incluíram hipertensão arterial (HTA) em 11,7% (n=20), febre em 9,4% (n=16), hipotensão em 8,2% (n=14), taquicárdia em 7,6%(n=13) e dispneia em 7,6% (n=13), correspondendo a diagnósticos como: HTA (11.1%, n=19), sépsis/choque séptico (9,3%, n=16), insuficiência cardíaca descompensada (7,6%, n=13), fibrilhação auricular (FA, 6,4%, n=11) e traqueobronquite aguda (4,7%, n=8). Do total, 13,5% (n=23) foram transferidos para outros serviços sendo que destes, 69.6% (n=16) foram para unidades de cuidados intensivos (UCI). Verifica-se uma mortalidade de 11,7% (n=20) sendo que 34,8% (n=8) era proveniente da Uro. Relativamente a local da morte, 25% (n=5) faleceu após transferência para UCI, sendo que 60% (n=12) faleceu no próprio serviço

Conclusões: O presente trabalho espelha a actividade da MI no apoio a especialidades cirúrgicas e demonstra a heterogeneidade de população e queixas associadas. Revela a carga de trabalho extra que este apoio exerce sobre a MI (171 doentes com seguimento médio de 4,9 dias) que se depara muitas vezes com situações graves (9,4% de sépsis e choque séptico), que obrigam a uma transferência emergente para UCI (13,5%), muitas dessas culminando em morte (11,7%).