Pedro Neves Tavares, Rita Lizardo Grácio, Paula Gonçalves Costa, Carla Falcão, Catarina Duarte Santos, Dolores Gomes, Alcina Ponte
Introdução:
A isoenzima CK-MB é largamente utilizada como marcador bioquímico de lesão miocárdica, estando disponível na maioria dos hospitais portugueses, no entanto, a sua interpretação pode por vezes levantar dificuldades diagnósticas.
Caso Clínico:
Doente do sexo masculino, 78 anos, autónomo, com antecedentes de hipertensão arterial, dislipidemia e doença renal crónica estadio 3 de etiologia hipertensiva. Recorreu ao serviço de urgência por queixas álgicas, de intensidade 8 em 10, ao nível da coluna lombar. O exame físico não apresentava alterações de relevo e o estudo analítico evidenciou CK 685 U/L e CK-MB 1244 U/L tendo sido requisitada avaliação por Medicina Interna por suspeita de síndrome coronário agudo. Tendo em conta ausência de clínica compatível, troponina negativa (0.01 ng/mL) e ECG sem alterações foi excluído síndrome coronário agudo e realizado internamento para estudo etiológico. Do estudo analítico realizado em internamento de referir elevação sustentada de CK-MB, PSA total 651 ng/mL e fosfatase ácida 7.5 U/L, com estudo imunológico negativo. Realizou ecografia prostática que evidenciou “próstata simétrica, aumentada, com limites mal definidos, com calcificações punctiformes e nódulos de natureza adenomatosa”. A biopsia prostática foi compatível com adenocarcinoma da próstata. Realizou também tomografia computorizada da coluna lombar que mostrou infiltração metastática osteoblástica dispersa pela coluna lombar sagrada e osso ilíaco.
Discussão:
A macro-CK é um complexo isoenzima-IG formado por reação antigénio-anticorpo que, tipicamente se associa a doenças neoplásicas e doenças imunomediadas. A formação deste complexo leva a uma falsa elevação da fração CK-MB em relação à CK, abrindo desta forma o leque de diagnósticos.