Natacha Silveira, Francisco Adragão, Carla Leitão, Helena Rita, Luísa Arez
Introdução:
Homem de 83 anos, com antecedentes de insuficiência cardíaca, fibrilhação auricular, doença pulmonar obstrutiva crónica em ex-fumador, diabetes mellitus. Sem história conhecida de contacto com asbestos ou radiação. Recorreu ao serviço de urgência por quadro com 2 meses de evolução de astenia, anorexia, perda de peso (cerca de 15kg em 5 meses) e dor abdominal difusa. Ao exame objectivo estava hipotenso, com abdómen distendido, pouco depressível e com massa palpável na região do hipogastro. Fez tomografia axial computorizada de abdómen que revelou no hipogastro uma volumosa massa expansiva com 17cm de maior eixo, de aparência quística complexa, exibindo septações internas espessas captantes, assim como realce parietal com áreas de espessamento irregular, com características de malignidade e ponto de partida no peritoneu colocando-se como hipótese diagnóstica tratar-se de tumor de origem mesotelial. Apresentava também nódulo hepático, supra-renal esquerdo e várias formações quísticas renais bilaterais de natureza indeterminada. Sem evidência de carcinomatose peritoneal ou ascite.
O mesotelioma do peritoneu é um tumor raro, com sintomas clínicos inespecíficos o que dificulta o seu diagnóstico. Por essa razão a descoberta é muitas vezes tardia, com mau prognóstico e opções terapêuticas pouco eficazes na melhoria da sobrevida.