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EOSINOFILIA: QUANDO A SUSPEITA SE TORNA UM MAU PRENÚNCIO.
Doenças oncológicas - Caso Clínico
Congresso ID: CC072 - Resumo ID: 132
Unidade Local do Baixo Alentejo - Hospital José Joaquim Fernandes, Beja
Rita Calixto, Ana Luísa Oliveira, Joana Lima, Quintino Biague, Pedro Costa, José Vaz
A eosinofilia está vastamente associada a doenças infeciosas, alérgicas, do tecido conjuntivo e de distúrbios de hipersensibilidade. Já a eosinofilia paraneoplásica é um achado pouco frequente usualmente associado a tumores sólidos e/ou hematológicos. O mecanismo fisiopatológico não é totalmente conhecido, apesar de ser conhecido o envolvimento de vários fatores de crescimento.
Os autores apresentam dois casos de eosinofilia paraneoplásica: no primeiro caso, um doente de 54 anos de idade do sexo masculino recorre ao Serviço de Urgência por um quadro de dispneia súbita, perda de peso não quantificada nos últimos 5 meses e astenia. A radiografia de tórax evidenciou uma opacidade nos 2/3 superiores do hemitórax direito; o controlo analítico evidenciou uma eosinofilia de 14.300 microL (NA - Número Absoluto). Durante o internamento realizou uma tomografia computorizada de tórax e uma broncofibroscopia que não mostraram sinais diretos de tumor. Apesar da ausência de diagnóstico neoplásico definitivo, a eosinofilia aumentou até 18.800 microL (NA), pelo que foi considerada a hipótese de iniciar tratamento oncodirigido, assumindo-se uma lesão tumoral pulmonar não caracterizada. Assistiu-se no entanto a um agravamento clínico que impossibilitou a realização de tratamento, tendo o doente falecido após 19 dias de admissão hospitalar.
O segundo caso é o de um homem de 60 anos de idade com diagnóstico prévio de Adenocarcinoma do Cólon, já tratado e em vigilância em consulta de Oncologia, sem evidência de progressão da doença. Objetivou-se uma eosinofilia de 4800/microL numa avaliação analítica de controlo. Foram descartadas todas as outras causas de eosinofilia no doente e observou-se recorrência da doença de base. Iniciou-se terapêutica oncodirigida e a eosinofilia foi oscilante durante o tratamento, suspenso ao 3º ciclo por deterioração clínica que motivou internamento. O doente faleceu 2 semanas após a descontinuação do tratamento.
A eosinofilia secundária a tumores sólidos é um achado raro, mas usualmente é sinal de doença maligna num estadio avançado ou de progressão de uma doença neoplásica prévia, com muito mau prognóstico no momento do diagnóstico.