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HEPATITE TÓXICA POR SULFASSALAZINA EM DOENTE COM SUSPEITA DE ESPONDILITE ANQUILOSANTE
Doenças hepatobiliares - E-Poster
Congresso ID: P402 - Resumo ID: 1351
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
José Abreu Fernandes, Fábio Rego Salgueiro, Mariana Lavrador, João Porto, José Pereira de Moura, Armando Carvalho
Introdução
A hepatite tóxica mediada por fármacos é responsável por 10% dos casos de hepatite aguda e pode ser uma causa grave de iatrogenia. A sulfassalazina é um fármaco anti-inflamatório da família das sulfonamidas frequentemente usado na doença inflamatória intestinal, mas também indicado para diversas doenças autoimunes, nomeadamente espondilite anquilosante refratária à primeira fase de tratamento. As sulfonamidas associam-se a lesão hepática de início súbito acompanhada de eritema e eosinofilia, sendo o quadro de falência hepática prolongada raramente descrita.

Descrição
Doente sexo feminino, 49 anos, apresentava poliartralgias do tipo misto com 6 anos de evolução. Na sequência do seguimento em consulta particular desde dezembro de 2017, realizou estudo analítico com HLA B27 positivo, reagentes de fase aguda e auto-imunidade normal. Estudo imagiológico sem alterações com exceção de derrame sinuvial bilateral na avaliação ecográfica dos joelhos. Sem sinais de infeção ou presença de cristais na artrocentese do joelho. Pela suspeita de Espondilite anquilosante a doente foi medicada com sulfassalazina 2g, metilprednisolona 6mg id e glucosamina em fevereiro de 2018, com melhoria das queixas. Três meses depois, recorreu ao serviço de urgência com queixas de astenia marcada com semanas de evolução e icterícia ao exame objetivo. Analiticamente apresentava um padrão predominantemente hepatocelular com aumento das concentrações séricas de transaminases (trinta vezes o limite superior do normal), hiperbilirrubinémia, aumento do INR e reagentes de fase aguda normais. Ecograficamente sem alterações e serologias de vírus hepatotrópicos negativos. Sem história de consumo de chás, de produtos de ervanárias, antibioterapia ou realização de antiinflamatórios não esteróides no último mês. A doente foi internada no serviço de Medicina Interna e toda a sua medicação suspensa. Realizou biópsia hepática ecoguiada que revelaou hepatite globular de tipo aguda com necrose centrolobular. Melhoria da sintomatologia apresentando um padrão descendente de todos os marcadores de lesão hepática. Um mês depois foi avaliada em consulta de seguimento, estando assintomática e com normalização do estudo analítico.

Discussão
A sulfassalazina é uma causa rara de hepatite tóxica, mas potencialmente grave. Recomenda-se vigilância e monitorização analítica nestes doentes nas primeiras semanas de tratamento.