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TUMORES SÍNCRONOS – UM DESAFIO DIAGNÓSTICO E TERAPÊUTICO
Doenças oncológicas - E-Poster
Congresso ID: P690 - Resumo ID: 1354
Hospital Infante D. Pedro, Centro Hospitalar do Baixo Vouga - Serviço Medicina Interna
Leonor Naia, Tiago Rabadão, Sara Pinto, Margarida Eulálio, Rosa Jorge
INTRODUÇÃO: As Neoplasias Primitivas Múltiplas são raras, embora com uma incidência crescente nos últimos anos. São desafiantes, quer do ponto de vista diagnóstico, quer terapêutico. Os tumores síncronos correspondem ao aparecimento, simultâneo ou num período temporal inferior a 6 meses, de duas ou mais neoplasias malignas.
CASO CLÍNICO: Homem de 74 anos, raça branca, admitido no Serviço de Urgência por tonturas e diminuição da acuidade visual do olho esquerdo, de início súbito e com 1 hora de evolução. Antecedentes pessoais de tabagismo (60 UMA), hipertensão arterial, dislipidémia e hipertrofia benigna da próstata; medicado habitualmente com: olmesartan, lercanidipina, ácido acetilsalicílico, atorvastatina e dutasterida. Ao exame objetivo: hipertenso (PA 171/85mmHg), hemianópsia homónima esquerda e hemiparésia esquerda de grau 4 com neglect; restante exame sem alterações, nomeadamente a auscultação cardiopulmonar. Análises, ECG de 12 derivações e radiografia torácica sem alterações. A TC cranioencefálica evidenciou uma lesão expansiva de 2cm, cortico-subcortical parietal direita, com edema circundante. Iniciou terapêutica com dexametasona 4mg 2id e levetiracetam 1000mg 2id, com resolução dos sintomas após 48 horas. Já em internamento, prosseguiu o estudo. A RM cranioencefálica mostrou tratar-se de uma lesão única, compatível com metástase. Realizou estudo etiológico exaustivo, para determinação do tumor primário. A TC toraco-abdomino-pélvica evidenciou uma lesão espiculada no lobo inferior do pulmão direito e uma massa no rim esquerdo, ambas podendo corresponder a neoplasia primária. Foram, então, realizadas biópsias guiadas por TC de ambas as lesões, que revelaram tratar-se de um adenocarcinoma acinar primário do pulmão e um carcinoma renal de células claras, respetivamente. A cintigrafia óssea excluiu metastização. Iniciou radiocirurgia direcionada à lesão cerebral, com redução do seu tamanho, e iniciou quimioterapia (QT) com carboplatina e pemetrexed. Após 5 ciclos de QT, objetivou-se redução do tamanho da lesão pulmonar. Foi também realizada nefrectomia radical esquerda. Atualmente, em tratamento com pemetrexed em dose de manutenção, assintomático e sem evidência de aparecimento de novas lesões secundárias.
DISCUSSÃO: Trata-se de um doente com uma metástase cerebral única e dois tumores síncronos, adenocarcinoma acinar do pulmão e tumor renal de células claras, associação particularmente incomum. Este caso foi desafiante, não só pela necessidade de esclarecimento etiológico (primária vs secundária) de cada uma das lesões - o adenocarcinoma pulmonar com potencial de metastização para o rim e cérebro e o carcinoma renal de células claras para o pulmão e cérebro, mas também pela necessidade de identificar a origem da metástase cerebral. Neste caso, sabendo que a neoplasia do pulmão é a causa mais comum de lesões secundárias cerebrais e perante a boa resposta desta lesão à radiocirurgia, assumiu-se metástase do adenocarcinoma do pulmão.