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ANGIOEDEMA CAUSADO POR REAÇÃO DE HIPERSENSIBILIDADE AO RIVAROXABANO
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P066 - Resumo ID: 1357
Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra
José Abreu Fernandes, Mariana Lavrador, Mafalda Ferreira, João Porto, Manuel Teixeira Veríssimo, Armando Carvalho
Introdução
O angioedema consiste em edema de instalação súbita e localizado da derme, tecido subcutâneo e das mucosas que pode ameaçar a vida por obstrução da via aérea. O rivaroxabano é um anticoagulante direto oral (DOAC), sendo um inibidor reversível do fator Xa.

Descrição
Doente sexo feminino, 84 anos, recorreu ao serviço de urgência (SU) a 16 de janeiro de 2018 por edema da face, do lábio inferior e região peri-orbitária e eritema e prurido dos membros superiores e tronco com 5 dias de evolução. Associadamente astenia progressiva, ortopneia e edema dos membros inferiores. Ao exame objetivo apresentava exantema eritematoso com lesões de grattage sobreposta ao nível dos membros superiores, sem lesões sugestivas de picada de inseto. Presença de crepitações bibasais à auscultação pulmonar e refluxo hepato-jugular. Sem história de alergias alimentares ou medicamentosas conhecidas. Antecedentes pessoais asma, fibrilhação auricular, hipertensão arterial essencial e dislipidémia. Internamento recente em dezembro de 2017 por trombose da artéria ilíaca esquerda, tendo sido iniciado hipocoagulante com apixabano (5mg bid) com desenvolvimento concomitante de exantema cutâneo pruriginoso pelo que é alterado para rivaroxabano (20mg id) a 22 de dezembro. Analiticamente no SU, com anemia normocítica, sem leucocitose ou eosinofilia, aumento marcado do BNP e padrão citocolestático, sem hiperbilirrubinemia, hipoalbuminemia ou alterações da hemostase. Internada no serviço de Medicina Interna com diagnóstico de angioedema e insuficiência cardíaca descompensada. Realizou corticoterapia e terapêutica com anti-histamínicos, otimiza-se a terapêutica da insuficiência cardíaca. Alterou-se a hipocoagulada para enoxaparina.
Durante o internamento a doente apresentou melhoria das queixas com resolução dos edemas e alterações cutâneas e normalização analítica. Teve alta medicada com varfarina sem recorrência dos sintomas.

Discussão
Trata-se de um caso de uma reação de hipersensibilidade tipo 1. Tendo em conta o tempo de evolução, o envolvimento multiorgânico e a anemia sem eosinofilia, bem como a reação prévia a um fármaco da mesma classe (apixabano) o fator desencadeante mais provável foi o rivaroxabano. As reações de hipersensibilidade aos DOAC são raras, não sendo claro qual a alternativa a sugerir a estes doentes.