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PNEUMOCOCCUS E UMA COMPLICAÇÃO ATÍPICA
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P841 - Resumo ID: 1366
Centro Hospitalar do Médio Tejo
Daniela Brito, Ana Rita Abrantes, Lucília Pessoa, Ana Araújo, Tiago Pereira, Nuno Catorze
Introdução: A pneumonia necrotizante (PN) caracteriza-se pela presença de focos de necrose em áreas de consolidação parenquimatosa. É uma complicação rara da pneumonia adquirida na comunidade (PAC). Entre os principais agentes etiológicos destacam-se Staphilococcus aureus, Streptococcus pyogenes, Nocardia, Klebsiella pneumoniae e raramente o Streptococcus pneumoniae.

Caso Clínico: Mulher 46 anos, sem antecedentes relevantes, recorreu ao serviço de urgência por febre e tosse com 7 dias de evolução, documentando-se uma pneumonia bilateral hipoxemiante. Foi admitida no serviço de medicina intensiva (SMI) por hipoxemia refrataria ao incremento de oxigénio. Por apresentar antigenuria positiva para Pneumococcus e pesquisa de Vírus influenza A positiva, admitiu-se face à evolução uma pneumonia vírica subaguda com sobre infeção bacteriana aguda. A primeira tomografia computorizada (TC) torácica apresentava consolidação lobo inferior direito (LID). Iniciou empiricamente Ceftriaxone e Claritromicina com evolução em ARDS, com a necessária curarização, ventilação protetora e recrutamento alveolar (incluindo ventilação ventral). Ao 5º dia de internamento fez alteração de antibiótico para Piperacilina/tazobactam por ausência de resposta clínica adequada. O aparecimento de imagens hipertransparentes arredondadas no hemitorax direito na radiografia do torax levou a realização de segunda TC torácica. Que mostrou extensas densificações em vidro despolido dispersas em relação com processo inflamatório/infecioso envolvendo praticamente todo o parênquima pulmonar e extensa área de cavitação no LID, sugerindo pneumonia necrotizante. Houve melhoria paulatina do quadro clínico culminando em extubação, ao fim de 10 dias de ventilação mecânica, e transferência para ambiente de enfermaria após 18 dias de internamento no SMI. A possibilidade de intervenção cirúrgica foi discutida colegialmente com a cirurgia torácica, tendo sido esta hipótese protelada

Conclusão: A ocorrência de PN surge normalmente associada à presença de fatores de risco tais como imunossupressão, doença hepática, insuficiência cardíaca congestiva e outros, não identificados em particular neste caso. O quadro clínico tende à indolência em comparação com a PAC tradicional. A abordagem médica associada à antibioterapia adequada é frequentemente bem-sucedida nomeadamente se houver manutenção da vascularização local, sendo a abordagem cirúrgica reservada para os casos de falência terapêutica associada a necrose pulmonar.