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ENCEFALITE VÍRICA HERPÉTICA - UM CASO DE SUCESSO COM DIAGNÓSTICO À BASE DE IMAGEM
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P638 - Resumo ID: 1383
Hospital Dr. Nélio Mendonça - Serviço de Medicina Interna
Sofia Dinis Ferreira, Cláudia Lemos, André Mendonça Vieira, João Gaspar, Homem Costa, Maria da Luz Brazão
A Encefalite vírica é uma infeção viral de elevada morbimortalidade do sistema nervoso central sendo a causa mais comum a provocada pelo Virus Herpes Simplex (VHS). Apresenta uma distribuição bimodal, com o primeiro pico antes dos 20 anos e o segundo depois dos 50 anos.
MJFAF, sexo feminino, 52 anos, com antecedentes pessoais de dislipidemia, recorreu ao Serviço de Urgência por cefaleia, mialgias, artralgias e febre com 3 dias de evolução. Por apresentar um exame neurológico (EN) normal, a sintomatologia foi interpretada como síndrome gripal e a doente teve alta medicada. Uma semana depois regressou por adinamia, discurso confuso e cefaleia frontal direita. Ao EN apresentava uma Escala de Coma de Glasgow de 14, força muscular dos membros mantida, mas marcha com queda para a esquerda e reflexo cutâneo plantar extensor à esquerda. Pelo resultado da TAC-CE, foi internada com o diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral Isquémico extenso da Artéria Cerebral Média Direita, com transformação hemorrágica, com efeito de massa associado e herniação uncal direita. Durante o internamento manteve sempre o mesmo estado e, atendendo à clínica pouco concordante com as lesões apresentadas realizou RM-CE, que mostrou lesão com hipersinal em T2/FLAIR cortico-subcortical difusa, centrada no lobo temporal direito e com prolongamento à insula, região fronto-basal posterior, giro cingulado e hipocampo do mesmo lado, com focos hemorrágicos no giro cingulado e na ínsula e uma captação giriforme, atigindo predominantemente o cortex e as leptimeninges, após administração de gadolínio, achados que colocaram como hipótese diagnóstica Encefalite Límbica Direita, mais provavelmente herpética. Optou-se por iniciar empiricamente Aciclovir Endovenoso e, após exclusão de hipertensão intracraniana, realizou-se punção lombar. O resultado mostrou predomínio de células mononucleares e aumento das protreínas, mas DNA-PCR negativa para VHS. Apesar disso, a doente apresentou franca melhoria clínica com o tratamento instituído. Continou a ser acompanhada em consulta externa, constando-se completa reversão do quadro neurológico. Na última consulta de reavaliação, a doente apresentava-se assintomática, sem história de complicações, nomeadamente convulsões e com EN sem alterações. Na última RM-CE observou-se encefalomalácia sequelar temporal direita.
Existem alguns achados na clínica que podem ser sugestivos no diagnóstico de Encefalite Vírica entre eles uma fase prodrómica de febre, mal estar e cefaleias, seguida de letargia, confusão e delírio, contudo nenhum é específico. Apesar da alta sensibilidade e especificade da DNA-PCR para o VHS no diagnóstico, podem existir falsos-negativos sobretudo se a colheita por realizada 14 dias ou mais após o início da sintomatologia. O exame da RM-CE é o exame de imagem mais sensível para esta patologia, com achados que são característicos, tal como é descrito neste caso clínico.