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VASCULITE PEQUENOS VASOS SECUNDÁRIA NITROFURANTOÍNA
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P084 - Resumo ID: 1392
Unidade Local Saúde Alto Minho - Hospital Conde Bertiandos, Medicina 2
Elsa Araújo, Bárbara Sousa, Manuel Barbosa, Raquel Costa, Marta Pereira, Vítor Costa, Joana Silva, António Ferro, Paula Brandão
Introdução: A Vasculite Cutânea de Pequenos Vasos (VCPV) é o tipo mais comum de vasculite e, primariamente, afeta os vasos pós-capilares cutâneos da derme. Ocorre em todas as idades e apresenta predomínio no sexo feminino. Apresenta uma incidência anual estimada entre 15 a 60 casos por milhão de habitantes. A maioria dos casos, histologicamente, é caracterizado por vasculite leucocitoclástica, no entanto, a vasculite linfocítica também é descrita.
A VCPV é frequentemente idiopática, mas também pode ser secundária a uma causa subjacente, como infeção ou fármacos e, ainda, doenças do tecido conjuntivo ou outras doenças sistémicas.
Mais de 50% dos casos são classificados como idiopáticos. Os restantes, na maioria, classificados como secundários a infeção ou fármacos.
Nas VCPV secundárias a fármacos, tipicamente, as lesões cutâneas surgem 7 a 14 dias após a exposição ao agente. Em 90% dos doentes ocorre resolução espontânea dos sintomas em semanas. No entanto, em 10% dos doentes as lesões tornam-se crónicas ou recorrentes.
Caso clínico: Homem, 84 anos, antecedentes de hipertensão, diabetes mellitus tipo 2, fibrilhação auricular e história de carcinoma da próstata e urotelial da bexiga tratados.
O doente, 8 dias após o início da toma de nitrofurantoína para tratamento de infeção do trato urinário, apresentou lesões de púrpura palpáveis em ambas as pernas, acompanhado de dor intensa. Assumido efeito adverso ao fármaco, foi medicado com metilprednisolona 60mg/dia. O doente apresentou melhoria das lesões cutâneas, tendo-lhe sido dada alta do internamento ao fim de 5 dias. Após 1 semana, o doente voltou ao serviço de urgência por agravamento das lesões cutâneas nas pernas. Desta vez apresentava lesões bolhosas, de base púrpura e lesões ulceradas, com agravamento da dor, mas sem outros sintomas. O doente foi novamente internado.
No internamento realizou-se biópsia cutânea, estudo analítico e imagiológico. Por haver suspeita de vasculite e acentuado agravamento clínico, decidiu-se iniciar prednisolona 1mg/kg/dia, previamente ao resultado do estudo efetuado.
O estudo analítico mostrou proteína-C-reativa: 7.38mg/dl e velocidade de sedimentação: 38mm. Sem alterações do hemograma, função renal e função hepática. O estudo serológico e imunológico negativo. O antigénio prostático específico negativo. A tomografia computorizada torácica, abdominal e pélvica sem alterações. A biópsia cutânea compatível com vasculite linfocítica. Face aos resultados do estudo, foi assumido o diagnóstico de VCPV secundária à nitrofurantoína.
Após a introdução de prednisolona, o doente apresentou melhoria das lesões cutâneas com início de cicatrização.
Discussão: No caso clínico descrito, tendo em conta as características das lesões cutâneas, exposição prévia a fármaco, ausência de outros sinais ou sintomas, estudo laboratorial negativo, biópsia cutânea compatível com vasculite linfocítica e excluído o envolvimento sistémico, foi assumido o diagnóstico de VCPV secundária a fármaco.