Sara Nicolau, Ivan Velez, Jesennia Mata, Vasco Gaspar, Manuela Grego, Luís Siopa
Introdução: O mesotelioma pleural é uma neoplasia rara, geralmente causada por exposição prévia a asbestos. Esta patologia é mais prevalente no sexo masculino e a partir da sexta década de vida. A dispneia e dor torácica constituem os principais sintomas de apresentação e cerca de 80% dos doentes apresentam derrame pleural associado.
Caso clínico: Os autores apresentam o caso de um doente do sexo masculino, com 84 anos de idade, ex-fumador (10UMA), sem história de exposição a asbestos e com antecedentes pessoais irrelevantes. Recorreu ao serviço de urgência por quadro, com cerca de cinco meses de evolução, caracterizado por dispneia, toracalgia, anorexia e perda ponderal de 10Kg. Ao exame objectivo o doente apresentava-se emagrecido, com SaO2 96% em ar ambiente e auscultação pulmonar com diminuição do murmúrio vesicular ao nível do hemitórax direito. Analiticamente sem alterações de relevo. Radiografia torácica revelou espessamento da pleura à direita. Realizou TC torácica, em regime de internamento, que evidenciou “espessamento pleural difuso, irregular e nodular da pleura parietal e cissural à direita condicionando ligeira perda de volume do pulmão homolateral e desvio homolateral do mediastino”. Doente foi submetido a biópsia transtorácica da pleura cujo exame anatomopatológico revelou mesotelioma epitelióide. Realizou igualmente TC abdomino-pelvica para estadiamento que não evidenciou alterações. O doente foi encaminhado para a consulta de pneumologia/oncologia tendo iniciado quimioterapia com pemetrexed. Apesar do tratamento, apresentou agravamento clínico progressivo tendo vindo a falecer 6 meses após a realização do diagnóstico.
Discussão: Os autores apresentam um caso atípico de mesotelioma pleural, em doente sem exposição prévia a asbestos e sem derrame pleural associado. Este caso ilustra a importância da visualização de todas as estruturas na radiografia torácica, tendo o reconhecimento do espessamento pleural sido fundamental para orientar a marcha diagnóstica. Esta é uma patologia agressiva, com tratamento raramente curativo e prognóstico reservado, apresentando uma sobrevida média de 8 a 14 meses após a realização do diagnóstico.