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DAR VOLTAS E VOLTAS À CABEÇA ATÉ ENCONTRAR O QUE SE PROCURA
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P650 - Resumo ID: 1411
Serviço de Medicina Interna do Hospital Conde de Bertiandos - Unidade Local de Saúde do Alto Minho
Inês Grenha, Joana Fontes, Joana Serôdio, João Costelha, Elsa Araújo, Manuel Barbosa, Bárbara Sousa, Joana Silva, Lourdes Vilarinho, Paula Brandão
A presença de défices neurológicos focais pode ser manifestação de doenças vasculares, crises epileptiformes, infeções do SNC, lesões ocupantes de espaço (LOE) ou forma de apresentação de outras patologias sistémicas. A pouca especificidade inerente obriga à realização de um exame neurológico detalhado e de meios complementares de diagnóstico dirigidos de forma a identificar precocemente a etiologia do quadro. A sintomatologia, por fruste que seja, não deve nunca ser negada pelos doentes ou clínicos para que a orientação não seja protelada.

Homem de 55 anos, com múltiplos FRV (HTA, DM tipo 2, dislipidemia, obesidade) e antecedentes de uma tiroidectomia total por adenoma microfolicular, recorre ao SU por um quadro com duas semanas de evolução de uma cefaleia frontal direita associada a parestesias do MSE de predomínio distal. A cefaleia não cedia à analgesia; as alterações sensitivas seriam flutuantes. Nesse dia com instalação súbita de uma diminuição da força muscular da mão esquerda. Negou qualquer outra sintomatologia de todos os aparelhos e sistemas. Ao exame neurológico apresentava uma discreta disartria que o doente não teria reconhecido no domicílio, bem como pronação do MSE na prova de braços estendidos e alterações da motricidade fina a nível da mão esquerda. Realizou TCCE que evidenciou uma imagem nodular frontoparietal direita de 31mm de diâmetro com acentuado edema perilesional e uma segunda lesão frontal direita de 35mm, muito sugestivas de implantes secundários. Foi admitido em internamento para estudo de provável neoplasia primária oculta. Iniciou corticoterapia com o intuito de redução do edema. Realizou estudo analítico alargado sem alterações, com marcadores tumorais negativos, bem como TC toracoabdominopélvica sem neoformações identificadas. Devido aos seus antecedentes pessoais fez ecografia da loca tiroideia, sem alterações. EDA e EDB sem lesões e PETSCAN com normal distribuição do radiofármaco. Em RMNCE foi confirmado o extenso edema vasogénico periférico associado às lesões, bem como as restantes características fortemente sugestivas de metastização. Ao longo do internamento com reversão dos défices iniciais, sem surgimento de nova sintomatologia. Teve alta orientado para um centro de referência – aí efetuou excisão cirúrgica das lesões cerebrais por continuar sem evidência de primário identificado. Atualmente apresenta-se assintomático, ainda a aguardar histologia das lesões para posterior orientação.

A presença de LOE a nível cerebral a partir dos 30-40 anos é maioritariamente devida a metástases, representando mais de 50% de todas as lesões. As neoplasias que mais metastizam para o cérebro são as do pulmão, pele e mama mas não são exclusivas. Doentes que tenham um tumor primário que usualmente não metastiza para o cérebro ou na ausência de primário identificado, a biópsia ou resseção cirúrgica da lesão deve ser considerada, não negligenciando os riscos inerentes à manipulação.