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DOENÇA DE KIKUCHI- FUGIMOTO: UMA INVESTIGAÇÃO CLÍNICA
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P508 - Resumo ID: 1423
Hospital Central do Funchal
Jéssica Chaves, Carolina Morna, Luís Marote Correia, Augusto Barros, Maria da Luz Brazão
Introdução: A doença de kikuchi-Fugimoto (DKF) é uma linfadenite necrotizante benigna, rara e auto-limitada, de etiologia desconhecida, que geralmente afecta jovens adultos. Foram relatados casos esporádicos de etiologia viral da mesma, no entanto nenhum agente infeccioso foi ainda apontado como causa etiológica. A DKF caracteriza-se mais frequentemente por febre, no entanto pode apresentar sintomas menos comuns como perda de peso, náuseas e vómitos, astenia, artralgia, suores nocturnos e odinofagia. O diagnóstico faz-se através de biópsia do nódulo linfático, o que é essencial para a exclusão de outras entidades: linfoma, metástases ou adenite tuberculosa. A marca histológica é uma hiperplasia folicular, com infiltrado linfocítico e histiocítico com focos necrotizantes.
Caso Clínico: Apresenta-se o caso de um doente de 58 anos, fumador de 30 unidades maço ano, com antecedentes pessoais de hiperplasia benigna da próstata e litíase renal, que recorreu ao Serviço de Urgência por tumefacção dolorosa na região inguinal e febre com dois dias de evolução. Negava sintomas acompanhantes. Foi observado pela cirurgia geral que excluiu patologia herniária aguda e o encaminhou para ser observado pela medicina interna. À entrada apresentava-se hidratado e apirético, com múltiplas adenomegálias dolorosas à palpação da região inguinal direita, a maior com 3cm de diâmetro, móvel e elástica. Não apresentava adenomegálias palpáveis noutras localizações. Analiticamente não apresentava alterações de relevo. Atendendo à falta de diagnóstico definitivo, internou-se o doente para continuar o estudo. Durante o internamento, realizou tomografia computorizada toraco-abdomino-pélvica que evidenciou múltiplos gânglios de dimensões superiores ao normal e com captação alterada de contraste, junto aos vasos femorais externos, comuns e vertente distal dos ilíacos externos, à direita. Não se identificaram adenomegalias noutras regiões. Durante o internamento pesquisou-se VIH, parvovirus, toxoplasmose, HSV, EBV, leptospira e treponema pallidum que foram negativos. A pesquisa de autoanticorpos (ANA, Anticoagulante tipo lúpus, C3 e C4) foram também negativos. Analiticamente, de relevo, apresentava AcHBs positivo (+), AcHBc +; IgM CMV +. Os exames bacteriológicos do sangue periférico foram negativos. Realizou biópsia excisional da adenomegália, cuja anatomia patológica mostrou linfadenite necrotizante enquadrável em DKF. Durante o internamento fez controlo sintomático com terapêutica anti-inflamatória, com melhoria progressiva do quadro. Teve alta, assintomático e manteve-se follow-up a longo prazo por possibilidade de recorrência da doença ou desenvolvimento de LES ou outros processos auto-imunes.
Discussão: Pretende-se salientar que a DKF pode mimetizar uma variedade de patologias, levando a dificuldades diagnósticas. Este caso mostra a importância de considerar e pesquisar as infecções virais como causa etiológica da DKF. Neste caso a DKF associou-se a infecção recente por CMV.