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“ADENOPATIAS PARA ESTUDO”, UM CASO DE HIDROSADENITE SUPURATIVA
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P067 - Resumo ID: 1435
Centro Hospitalar Tondela Viseu
Filipa Sousa, Sónia Santos, Ana Rodrigues, João Olivério, Mafalda Miranda, António Correia
Introdução: A hidrosadenite supurativa (HS) caracteriza-se por uma obstrução crónica e dolorosa dos folículos pilossebáceos. A HS pode acometer qualquer área da pele, sendo as áreas intertriginosas as mais afetadas. A apresentação clínica é variável e inclui nódulos inflamatórios recorrentes; abcessos; trajetos sinusoidais; drenagem e processos cicatriciais associados a deformação da pele. Estima-se que a HS possa afetar até 4% da população geral. Surge habitualmente entre a segunda e terceira décadas de vida, sendo duas vezes mais frequente no sexo feminino. Existe evidência crescente de que a oclusão e rotura foliculares e resposta inflamatória associada desempenham um papel central na sua fisiopatologia, assim como fatores genéticos, hormonais e comportamentais, como o tabagismo. A HS pode integrar diversas síndromes inflamatórias, estando associada a uma maior incidência de síndrome metabólica e doença inflamatória intestinal.
Caso clínico: Doente do sexo masculino de 24 anos, sem antecedentes patológicos de relevo, com consumo ativo de haxixe que recorreu ao serviço de urgência por tumefação dolorosa, localizada à face anterior do ombro esquerdo, com um mês de evolução. A ecografia revelou adenopatias de características infiltrativas a nível do ombro e axila esquerdos. Sem outros achados imagiológicos ou analíticos de relevo. Foi medicado com anti-inflamatório não esteroide e internado. Foram excluídas zoonoses e outras patologias infeciosas nomeadamente por Citomegalovirus, HIV e Vírus Epstein Barr. O estudo autoimune revelou-se negativo. Foram realizadas biópsias das lesões e drenada uma coleção abecedada adjacente à massa do ombro esquerdo. O conteúdo drenado mostrou-se amicrobiano e de características inflamatórias. O estudo histológico revelou linfadenite crónica granulomatosa. Realizou tomografia computorizada, a qual excluiu a presença de outras adenopatias a nível cervical, torácico, abdominal e pélvico. Teve alta referenciado à consulta externa de Medicina Interna. A ecografia às seis semanas objetivou coleções abcedadas profundas, intercomunicantes a nível da axila esquerda, pelo que foi submetido a nova drenagem e medicado com antibiótico oral. Foi referenciado às consultas de Cirurgia Plástica e Dermatologia, não tendo necessitado de intervenções terapêuticas adicionais, uma vez que foi observada evolução clínica favorável.
Discussão: Um diagnóstico da HS é clínico e a sua identificação e tratamento precoces são fundamentais para o sucesso terapêutico. O tratamento é individualizado, podendo passar por antisséticos e antibióticos tópicos; antibióticos, anti-inflamatórios e retinoides sistémicos; antiandrogénicos; inibidores do TNF-alfa; drenagem e desbridamento cirúrgico; entre outros. A HS mal controlada pode cursar com deformidades severas da pele; linfedema; osteomielite; arterite; carcinoma espinhocelular; depressão e suicídio. Trata-se assim de uma entidade nosológica complexa que carece de uma intervenção multidisciplinar.