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PREDITORES DE MORTALIDADE DE ENDOCARDITE INFECIOSA – A EXPERIENCIA DE UM CENTRO TERCIARIO:
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO065 - Resumo ID: 1444
Hospital Garcia de Orta
Alexandra Briosa, André Esteves, Ana Rita Pereira, Ana Marques, Sofia Alegria, Daniel Sebaiti, Ana Broa,Ines Cruz
Introdução: Apesar dos avanços da medicina, a endocardite infeciosa (EI) ainda é uma das principais causas de morbimortalidade em doentes com doença valvular cardíaca.

Objetivo: Caracterização da população com EI nos últimos 12 anos (2006-2017) num hospital terciário, assim como identificação de fatores preditores de mortalidade.

Métodos: Estudo retrospetivo de centro único que incluiu doentes (dts) com EI durante os últimos 12 anos (2006-2017). Foi realizada análise uni e multivariada para determinar os fatores independentes de mortalidade.

Resultados: Incluídos 174 dts, 75% (n=131) do sexo masculino, com idade média de 61 ± 16 anos. De antecedentes pessoais relevantes, 41,3% (n= 75) tinham doença valvular prévia, sendo a doença degenerativa a etiologia mais comum (24,4%). 54% tinham hipertensão arterial, 25,3% insuficiência cardíaca (IC) prévia, 12,8% tinham infeção por HIV e 9,3% tinham antecedentes de neoplasia.
À admissão, 58,3% (n=98) apresentavam sintomas constitucionais e 53,5% sopro na auscultação (n=91). Ocorreu EI de válvula nativa em 74,1% dos casos (n=129), sendo a válvula aórtica a mais afectada (54%, n=94). No exame microbiológico, o agente isolado mais frequente foi o Staphylococcus aureus (24,7%, n= 43), seguido do Enterococcus (12,1%) e do Streptococcus viridans (11,5%). 20,1% dos casos não houve isolamento. A principal alteração ecocardiográfica foi a presença de vegetação identificável (89,4%).
Durante o internamento, a principal complicação desenvolvida foi a insuficiência cardíaca (42,1%), seguida das complicações valvulares locais (35,7%), nomeadamente a destruição valvular (21,2%) e a presença de abcesso (14,3%). Existiram complicações embólicas em 33,9% dos casos. Um terço dos doentes (33,9%) foi submetido a intervenção cirúrgica.
A taxa de mortalidade foi de 29,9% e choque séptico foi a principal causa de morte (35,6%).
Houve uma associação entre a mortalidade hospitalar e a presença de insuficiência cardíaca prévia(p=0,003), infeção por Staphylococcus aureus (p=0,048) ou agentes do grupo Streptococcus (p= 0,014),nomeadamente, Streptococcus viridans (p=0,039), com os dias de internamento (p=0,001),presença de abcesso perivalvular (p=0,007), disfunção do ventrículo esquerdo (VE) (p=0,012), evolução em IC (p<0,001) ou choque séptico (p< 0,001) e tratamento médico apenas (p<0,001). Foram fortes preditores de mortalidade hospitalar os dias de internamento (OR: 0,96, IC 95% 0,93- 0,98, p=,001), presença de disfunção do VE (OR: 5,95, IC 95% 1,3-25, p=0,017), evolução em IC (OR: 4,2, IC 95% 1,4-12,7, p=0,009) ou choque séptico (OR:12,7, IC 95% 3,5 – 45,1, p< 0,001) e tratamento médico exclusivo (OR, 0,052, IC 95% 0,011 – 0,243, p< 0,001).
Conclusão: A EI associa-se a elevada morbimortalidade hospitalar. Para a população observada, os preditores de mortalidade foram maioritariamente clínicos, sendo que o tratamento cirúrgico desempenha um importante papel protetor.