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POLIRRADICULONEUROPATIA SECUNDÁRIA AO EBV
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P614 - Resumo ID: 1466
Centro Hospitalar Tondela-Viseu
Dora Gomes, Catarina Oliveira, Rui André, Elisa Moreira, André Santos, Carolina Ferreira
Introdução
O vírus Epstein-Barr (EBV) é um Vírus DNA, que infecta humanos desde os tempos ancestrais, podendo causar um grande espectro de patologias e acometendo aproximadamente 90% da população.
As complicações neurológicas do EBV, são raras em adultos imunocompetentes, porém podem ocorrer envolvendo tanto o sistema nervoso central como o periférico.
Caso Clínico
Doente, sexo masculino, de 61 anos de idade, sem antecedentes pessoais de relevo, recorre ao serviço de urgência por quadro de desequilíbrio e dificuldade na marcha, com 5 dias de evolução.
Previamente teria recorrido a outra instituição onde realizou análises que revelaram 17% de linfócitos atípicos, aumento das enzimas hepáticas e aumento da bilirrubina total à custa da bilirrubina direta. Realizou TAC-CE que não identificou sinais de lesão vascular aguda e Ecografia abdominal sem alterações de relevo.
Ao exame neurológico apresentava reflexos osteo-tendinosos simétricos, abolidos distalmente. Sem alterações da sensibilidade superficial álgica, exceto hipostesia em regiões nos dermátomos lombares laterais (não correspondendo a áreas anatómicas). Sensibilidade vibratória de 8 a 10 segundos nos maléolos tibiais internos. Prova calcanhar joelho sugestiva de assinergia bilateral, mais evidente à esquerda e marcha com muito discreto alargamento da base, impossível em tandem e difícil em pontas. Apresentava também mucosas subictéricas.
Dada a arreflexia distal foi realizada Punção Lombar cujo exame do liquido-cefaloraquidiano (LCR) não foi compatível com a clássica dissociação albumino-citológica de Síndrome de Guillian-Barré sendo mais sugestivo de infeção do sistema nervoso central. O painel de PCR de agentes infeciosos no LCR (que não inclui o EBV) foi negativo.
Foram pedidas serologias que se revelaram negativas para HIV, Febre Tifoide e Brucelose, no entanto serologia para o EBV com IgG positiva e IgM positiva. Foi também excluída Sífilis assim como défices de Vitamina B12 e Folato. O painel de anticorpos antineuronais foi negativo.
Iniciou empiricamente Imunoglobulina intravenosa, com franca melhoria clínica. Realizou Eletromiograma que revelou alterações compatíveis com polirradiculopatia axonal, sensivo-motora, assimétrica (maior compromisso à esquerda), com características de perfil evolutivo subagudo, sugestivo de polirradiculopatia de causa inflamatória/infeciosa. Realizou RMN para exclusão de causa estrutural que apenas revelou um discreto realce intra-dural de raízes, face a L5-S1, após a administração de contraste.
Seguido posteriormente em Consulta de Medicina Interna e Neurologia onde já não apresentava queixas, sem dificuldade na marcha nem alterações na força, coordenação e sensibilidade.
Repetiu serologia do EBV com IgG francamente positivo e IgM negativo, confirmando seroconversão face aos valores prévios, e dada a concomitância da positividade da serologia com os sintomas foi confirmado o diagnóstico de Polirradiculoneuropatia secundária ao EBV.