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VASCULITE ANCA E NEOPLASIAS
Doenças autoimunes, reumatológicas e vasculites - E-Poster
Congresso ID: P121 - Resumo ID: 1470
Centro Hospitalar e Universitário de Lisboa Norte
Nuno Vieira e Brito, Pawel Sierzputowski, Judite Salavessa, Paula Alcântara
A coexistência de vasculite e neoplasia é um síndroma paraneoplasico raro cuja patofisiologia ainda não esta claramente definida sendo que a detecção da vasculite pode preceder o diagnostico da neoplasia. A associação entre vasculite ANCA e tumores sólidos é uma rara associação cuja relevância clínica apenas recentemente se começou a estudar.
Mulher de 73 anos recorre ao SU por perda súbita da acuidade visual no OE associado a cefaleia com 24 horas de evolução e quadro com um ano de evolução de febre baixa e perda ponderal. Tinha os diagnósticos prévios de diabetes tipo 2 e hipertensão arterial; Portadora de prótese biológica em posição aórtica e anel valvular mitral e mutação do gene da protrombina. Na observação oftalmologica com alterações sugestivas do diagnóstico de NOIA arterítica. Analiticamente com anemia de Hb 10,4 g/dl (normocítica, normocrómica), VS de 103 mm, PCR 13,4 g/dl, Factor Reumatoide de 17,8 UI/mL, sem consumo de complemento e serologia para HIV, Hepatites negativas. Eco-doppler das artérias temporais, faciais, occipitais e axilares sem evidência de halo, mas com ligeiro espessamento tendo realizado biópsia da artéria temporal esquerda sem células gigantes. O estudo de auto imunidade foi negativo com excepção do C-ANCA com título anti-PR3 de 361. Realizou pulso de metilprednisolona com melhoria da acuidade visual tendo sido feito o diagnóstico de vasculite ANCA. Realizou ainda biopsia dos cornetos nasais e tomografia dos seios assim como torácica sem sinais de granulomas e sem aparente envolvimento nefrológico. Boa resposta inicial à corticoterapia com redução da VS e melhoria da acuidade visual mas com título de C-ANCA em cinética ascendente (PR3-621) e trombocitopenia induzida por metrotrexato. Um mês após a alta internamento por enfarte agudo do miocárdio tendo realizado coronariografia que demonstrou doença aterosclerótica da descendente anterior com lesão moderada a grave. No internamento na cardiologia com complicação de endocardite a streptococcus oralis estando a cumprir dias de antibioterapia e dois episódios de rectorragias motivando realização de colonoscopia que mostrou lesão ulcerada no cego com 30mm, cujo exame histológico revelou adenocarcinoma pouco tendo diferenciado. Foi submetida a hemicolectomia direita com estadiamento G3pTaaL1V1pN1b. Realizou quimioterapia adjuvante e após o 2º ciclo (2/5) sem sinais de recidiva da doença e com descida do título de anticorpos para 300 e descida progressiva da corticoterapia sem recidiva dos sintomas de vasculite.
Os autores salientam este caso devido ao diagnostico de vasculite ANCA que se apresenta de uma forma típica nesta doente e preceder o diagnóstico de neoplasia do cólon direito tratando-se de uma forma rara de síndroma paraneoplasico. Este caso reforça a importância de procurar causas alternativas aquando do diagnóstico de doenças autoimunes que poderão esconder ou ser precipitados por outros quadros.