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DIABETES MELLITUS E SÍNDROME METABÓLICA: ONDE ESTÁ O ERRO?
Doenças endócrinas, metabólicas e nutricionais - E-Poster
Congresso ID: P304 - Resumo ID: 1471
Centro Hospitalar e Universitário de São João
Diana Ferrão, Luís Nogueira Silva, Clara Machado da Silva, Pedro Rodrigues, Pedro Ribeirinho Soares, Catarina Pereira, Fernando Nogueira, José Marques, Jorge Almeida.
Introdução
A crescente incidência de sedentarismo e maus cuidados alimentares tem levado ao aumento exponencial de diagnósticos de diabetes mellitus. Contudo, a pandemia da síndrome metabólica pode esconder muitos casos de diabetes primária, com mecanismos destrutivos dos ilhéus pancreáticos ou da própria insulina, levando a estratégias terapêuticas erradamente conservadoras e a hiperglicemias galopantes, por vezes com consequências desastrosas.

Caso Clínico
Doente do sexo feminino, 64 anos, com obesidade, dislipidemia, hipertensão arterial de difícil controlo (com lesão de órgão mediada pela hipertensão) e síndrome da apneia obstrutiva do sono. Tinha diagnóstico recente de diabetes mellitus, com progressão rápida e mau controlo metabólico (HbA1C 8 » 10%) sob antidiabéticos orais. Nos últimos dois meses, quadro de astenia e mialgias, com diarreia aquosa ocasional e perda de 2kg. Sem outras queixas abdominais, cardiovasculares, respiratórias, urinárias, neurológicas, cutâneas ou articulares. Ao exame físico tinha alguma diminuição da força proximal, sem estrias vinosas ou acantose nigricante e sem outras alterações. Analiticamente, tinha transaminases aumentadas (2-5x o limite superior do normal), com um ratio de 1:1, sem alterações nas enzimas de colestase ou bilirrubinas, com anticorpos antinucleares com título 1:320. A ecografia abdominal mostrou hepatomegalia com parênquima heterogéneo. Foi realizada biópsia hepática que mostrou padrão compatível com esteatose. Por suspeita de eventual síndrome de Cushing na base da uma síndrome metabólica com diabetes de rápida progressão, foram doseadas a ACTH e o cortisol, que foram normais. Por persistirem as glicemias descontroladas em internamento, com dieta controlada e doses progressivamente maiores de medicação, foi pedido o estudo de diabetes autoimune: o peptídeo C foi normal e os anticorpos anti-insulina positivos de 3.4 U/mL (cutoff <0.4). Foi diagnosticada diabetes autoimune latente do adulto (LADA) e a doente foi enviada para a consulta de Endocrionologia.

Discussão
A diabetes autoimune latente do adulto é um diagnóstico recente que surgiu da evidência de que em populações com alta prevalência de diabetes tipo 1 muitos doentes com diagnóstico de diabetes tipo 2 possuíam na realidade autoanticorpos circulantes. Estes doentes estão a meio do espectro entre a diabetes tipo 1 e tipo 2 – têm um componente destrutivo primário da produção de insulina mas que não é marcado o suficiente para condicionar diabetes na infância ou adolescência. O reconhecimento destes doentes é cada vez mais importante em termos de abordagem terapêutica.