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TROMBOPROFILAXIA PRIMÁRIA DA EMBOLIA PULMONAR – PREVER OU PREVENIR?
Doenças cardiovasculares - Comunicação
Congresso ID: CO219 - Resumo ID: 145
Hospital Central do Funchal
Carolina Barros, Mariana Gomes, Carolina Morna, Diogo André, Fabiana Gouveia, Teresa Faria, Luz Brazão
INTRODUÇÃO: A embolia pulmonar (EP) é a terceira doença cardiovascular mais frequente e a sua incidência aumentou nos últimos anos. Os doentes hospitalizados apresentam risco aumentado para eventos de tromboembolismo venoso (TEV), podendo dividir-se esse risco em dois períodos, nomeadamente, a hospitalização aguda e o período após hospitalização (até aos 90 dias). Ainda não foi possível provar o benefício na redução de eventos e mortalidade da extensão da tromboprofilaxia primária (TBP) após a alta, em doentes internados por patologia médica.

OBJECTIVOS: Determinar o risco acrescido de EP nos 30 dias seguintes a um internamento por patologia médica que não-TEV.

MATERIAL E MÉTODOS: Análise retrospectiva dos doentes reinternados com o diagnóstico de EP no serviço de Medicina Interna de Abril de 2016 a Abril de 2018, através da revisão de processos clínicos de internamento. A avaliação estatística foi realizada com recurso ao programa Microsoft Office Excel® 2010.

RESULTADOS: Registaram-se 149 casos de doentes internados por EP de Abril de 2016 a Abril de 2018, desses, 14,8% (n=22) tiveram um internamento prévio por patologia médica que não-TEV nos últimos 30 dias, sendo que 73% (n=16) regressaram nos primeiros sete dias após a alta. A maioria era do sexo feminino (77%, n=17) e a idade média foi de 75 (53 a 92) anos. A demora média de internamento foi de 10 (7 a 19) dias. Os principais factores de risco e co-morbilidades apresentados por estes foram a idade superior a 60 anos (77%, n=17) imobilização no leito superior a 3 dias (73%, n=16), estado infeccioso agudo prévio (41%, n=9), insuficiência cardíaca (31%, n=7), acidente vascular cerebral (AVC) isquémico com parésia/plegia de membro inferior (23%, n=5). Registaram-se 6 óbitos (21%), sendo a maioria do sexo feminino (67%, n=4). Desses, os factores de risco apresentados foram a imobilização superior a 7 dias (n=5, 83%), estado infeccioso prévio (n=4, 67%), tabagismo (n=2, 33%) e parésia/plegia de membro inferior na sequência de AVC (33%, n=2).

CONCLUSÕES: Não existe até à data indicação formal para prolongar a TBP primária medicamentosa após a alta nos doentes internados por patologia médica, contudo, entende-se que certos factores de risco condicionam per se um risco muito aumentado para eventos de TEV, como por exemplo a imobilização no leito e a insuficiência cardíaca, outra patologia em crescente no nosso país, podendo estes beneficiar não de uma estratégia universal mas sim de uma individualização na abordagem profiláctica de acordo com as suas co-morbilidades.