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TROMBOSE VENOSA PROFUNDA EM IDADE JOVEM: UM CASO INCOMUM
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P148 - Resumo ID: 1477
Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa
Inês Oliveira, Filipa Leal, Luís Nogueira, Mari Mesquita, Paula Pinto
INTRODUÇÃO
O Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT) surge por compressão do feixe neuro-vascular no seu trajeto desde o tórax até ao membro superior (MS), ocorrendo em mais de 90% dos casos compressão nervosa. O SDT venoso (SDTv) e arterial são raros, correspondendo a 7% e 3% dos casos, respetivamente.
Apresenta-se um caso de SDTv com trombose venosa profunda (TVP) do MS associada, no contexto de variante anatómica, numa jovem sem fatores de risco: quadro clínico pouco frequente, que condiciona elevada morbilidade se não identificado e tratado precocemente.

CASO CLÍNICO
Jovem de 19 anos de idade, sexo feminino, sem antecedentes pessoais ou familiares de relevo, sem medicação, hábitos tabágicos, consumo de drogas ou prática regular de atividade física.
Clínica de edema e rubor do MS direito com dias de evolução, precedida por toracalgia inferior direita de caraterísticas pleuríticas. Negados episódios prévios semelhantes, dor, febre, trauma, erupção cutânea, prurido, parestesias ou alteração da força muscular.
Ao exame físico, normotensa, apirética, pulsos radiais presentes, sinais inflamatórios do MS. Manobras de compressão costo-clavicular negativas. Sem sinais de circulação venosa colateral.
D-dímeros 840mg/dL. Eco-doppler a revelar TVP da veia subclávia (VS) direita. Veias distais e jugular direita permeáveis. TC tórax evidenciando tromboembolismo pulmonar e confirmando TVP sub-oclusiva da VS, destacando-se a presença de osteófito clavicular a comprimir a VS e reduzido espaço costo-clavicular interósseo. Alterações anatómicas semelhantes à esquerda, sem trombose. Realizada fibrinólise intra-trombo, sem recanalização.
Alta sob hipocoagulação com NOAC. Em consulta, excluído síndrome anti-fosfolipídio e trombofilia. Repetido eco-doppler que, além da compressão venosa bilateral, revelou compressão da artéria subclávia esquerda. A aguardar intervenção por cirurgia vascular.

DISCUSSÃO
O SDT vascular é infrequente na prática clínica, sendo particularmente raro existir compressão venosa e arterial simultânea, como no caso apresentado.
A ocorrência de TVP do MS em contexto de SDTv por variantes anatómicas, sem relação com exercício repetitivo, é incomum, bem como a presença de osteofitose clavicular em idade jovem, habitualmente associada a patologia degenerativa. De realçar a bilateralidade desta anomalia, apesar de a trombose ter ocorrido exclusivamente à direita, sem episódios anteriores semelhantes, com compressão arterial apenas esquerda. Excluídos fatores que favorecem TVP em idade jovem, como tabagismo, anticoncepcional e trombofilias.
O sinal de urschel, clássico do SDTv, não foi encontrado, sugerindo compressão não significativa ou curto tempo de evolução, sem desenvolvimento de circulação colateral.
A abordagem desta condição é desafiante, havendo elevado risco de síndrome pós-trombótico e de repetição de eventos, condicionando morbilidade significativa e evidenciando a necessidade de diagnóstico precoce e intervenção atempada.