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CAROTID WEB: UMA REDE ENTRE O DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DE UMA CAUSA RARA DE AVC
Doenças cérebro-vasculares e neurológicas - E-Poster
Congresso ID: P615 - Resumo ID: 1493
Centro Hospitalar de São João
Marta Soares Carreira, Andreia M. Teixeira, Daniela Ferro, Luís Lemos, Margarida Matias, Paulo Chaves, Guilherme Gama, Luísa Fonseca, Maria Luís Seixas, Jorge Almeida
INTRODUÇÃO: A rede carotídea (carotid web) é uma manifestação de displasia fibromuscular da íntima. É um diagnostico radiológico raro que se caracteriza por um defeito de preenchimento endoluminal do segmento bulbar da artéria carótida e que surge associado a acidentes vasculares cerebrais (AVC) isquémicos.

CASO CLÍNICO
Descrevemos o caso de um doente do sexo masculino de 46 anos, dextro, fumador (30 UMA’s) com história prévia de hipertensão arterial e dislipidemia com mau controlo metabólico, admitido após quadro compatível com “wake –up” stroke. Apresentava parésia facial esquerda minor, plégia do membro superior esquerdo, parésia do membro inferior esquerdo, hemi-hipostesia esquerda e extinção visual e sensitiva (NIHSS de 10), tendo sido admitido pela via verde AVC. Visto bem pela última vez no dia anterior. Perfil tensional tendencialmente hipertensivo com TAS >195mmHg com necessidade de 10+10mg de labetalol. Realizou tomografia computorizada crânio-encefálica (TCCE) que mostrou hipodensidade cortico-subcortical fronto parietal direita estabelecida (ASPECTS 7/10). O AngioTCCE revelou défice parcial de preenchimento endoluminal e de morfologia tubular ao nível do segmento bulbar da artéria carótida direita compatível com “web” carotídeo, optando-se pela colocação de stent na carótida interna direita (ACID). Após este procedimento, iniciou dupla antiagregação com ácido acetilsalicílico e clopidogrel.O rastreio de trombofilias, patologias auto-imunes e serologias virais foi negativo. O Doppler de reavaliação às 24h após o procedimento mostrava patência da ACID. Posteriormente foi objectivada melhoria progressiva do estado neurológico do doente, apresentando, à data de alta NIHSS de 4. Avaliado cerca de um mês mais tarde em consulta, objectivando se NIHSS de 3. Sem novos episódios de AVC/AIT durante o período de seguimento.

DISCUSSÃO: Embora seja raro, o “web” carotídeo tem vindo a ser identificado como causa de AVC em doentes jovens. O seu tratamento consiste, em algumas situações, na colocação de stent intracarotídeo seguido de tratamento com dupla antiagregação. Este caso ilustra a necessidade de procurar este diagnóstico no doente jovem com AVC isquémico de causa desconhecida, dada a existência de tratamento específico que diminui a probabilidade de recorrência de AVC.