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O DIAGNÓSTICO ATRÁS DE UMA PNEUMONIA
Doenças respiratórias - E-Poster
Congresso ID: P818 - Resumo ID: 148
1 Serviço de Medicina Interna, Hospital Pedro Hispano, 2. Serviço de Pneumologia, Hospital Pedro Hispano
Ana Isabel Lopes 1, Teresa Medeiros 1, Cláudia pinho Coelho 2, Daniela Rodrigues 2, João Pimentel 1, Ana Paula Vaz 2
A Pneumonia eosinofílica caracteriza-se por infiltração pulmonar eosinofílica associando-se sobretudo nas formas crónicas, a eosinofilia periférica. No espectro das doenças pulmonares eosinofílicas, vários diagnósticos devem ser equacionados: causas infeciosas, particularmente, parasitárias, e não infeciosas, como a aspergilose broncopulmonar alérgica, pneumonia eosinofílica aguda e crónica, Granulomatose Eosinofílica com Poliangeíte, síndrome hipereosinofílico e exposição a fármacos e toxinas.

Mulher de 69 anos com asma alérgica provável e eosinofilia periférica de longa data. Várias idas ao serviço de urgência por dispneia e broncoespasmo. Última vinda com internamento por pneumonia pneumocócica com insuficiência respiratória, broncoespasmo importante e com consolidações basais na tomografia computorizada (TC) do tórax. Teve alta com esquema de corticoterapia em desmame, após a sua suspensão os sintomas recorreram. À admissão encontrava-se subfebril, saturação de oxigénio de 88% com FiO2 21%. Apresentava Proteína C Reativa elevada (160mg/L) e eosinofilia (17%) confirmada por esfregaço, insuficiência respiratória tipo 1 e radiografia torácica com opaciadades reticulonodulares no 1/3 inferior bilateralmente. Diagnóstico inicial de nova pneumonia e iniciou antibioterapia com piperacilina/tazobactam. No internamento manteve broncoespasmo de difícil resolução, tendo em conta a eosinofilia periférica marcada e TC prévia com áreas em vidro despolido e heterogeneidade do parênquima pulmonar, iniciou investigação mais aprofundada. Do estudo apresentava elevação de IgE e IgG, Velocidade de Sedimentação 82mm/h e consumo de C4, restante estudo imunológico negativo. Parasitológico das fezes, eletroforese sérica, imunofenotipagem de sangue periférico e crioglobulinas sem alterações. Repetiu TC torácica com alterações inespecíficas e adenopatias paratraqueais inferiores. Lavado bronco-alveolar (LBA) com mais de 50% de eosinófilos. Apresentava hipertrofia dos cornetos nasais, biópsia com ligeiro infiltrado linfocitário intersticial. Iniciou corticoterapia 1mg/Kg/dia na presunção de se tratar de pneumonia eosinofílica, com melhoria. Meses após alta hospitalar, sem recrudescimento de eosinofilia e sem novas agudizações.

O diagnóstico diferencial entre as causas de pneumonia eosinofílica é um desafio, sem critérios de diagnóstico definidos. O espectro clínico é amplo e sobreponível, baseando-se o diagnóstico etiológico no grau de suspeição, padrão clínico-radiológico e na presença de eosinofilia alveolar ou sanguínea. O estudo do LBA é uma técnica minimamente invasiva e segura, forte correlação com histologia da biópsia pulmonar (raramente necessária para o diagnóstico). No caso da pneumonia eosinofilia crónica (PEC), a eosinofilia alveolar é universal e habitualmente superior a 40%. Neste caso, a cronicidade associada à eosinofilia periférica e alveolar, alterações em vidro despolido e infiltrados periféricos migratórios, apoiam a hipótese de se tratar de PEC.