INTRODUÇÃO: A fibrilhação auricular (FA) é a arritmia cardíaca mais comum. Com o envelhecimento notório da população a sua prevalência tem vindo a aumentar, sendo o sexo masculino o mais afectado. O aparecimento desta taquiarritmia, se não tratada corretamente, pode trazer consequências relacionadas com a redução do débito cardíaco, a ocorrência de eventos trombóticos, sendo uma importante causa de morbimortalidade com um grande impacto numa enfermaria de Medicina Interna. OBJETIVO: Avaliar a prevalência da FA numa enfermaria de medicina interna. Destes doentes averiguar quantos estão sob terapêutica de controlo de ritmo, de controlo de frequência, tendo sido aplicada a escala CHA2DS2-VASc e HAS-BLED. Foi avaliado o uso de terapêutica anticoagulante, o respectivo ajuste à função renal, as comorbilidades cardiovasculares e a dependência nas actividades de vida diária de todos os doentes. MATERIAL E MÉTODOS: Análise retrospetiva, observacional e descritiva dos doentes com o diagnóstico de FA, internados numa enfermaria de um Serviço de Medicina Interna no dia 13 de fevereiro de 2019. RESULTADOS: Num total de 114 doentes internados, 40,35% eram do sexo masculino, sendo a média de idades de 76,72 anos. 28,95% (33) dos doentes tinham o diagnóstico de FA, destes 39,39% eram do sexo masculino e a média de idades era de 79,79 anos, sendo que 87,88% tinha 65 anos ou mais. Sob controlo ritmo foram analisados 15,15% e sob controlo de frequência 69,70%, sendo que 12,12% estavam sob ambas as terapêuticas. 27,27% dos doentes com FA não estavam a cumprir terapêutica nem para controlo de ritmo nem para controlo de frequência. Dos doentes com FA, 93,94% tinham o CHA2DS2-VASc maior ou igual 2 e 64,52% destes doentes não estavam anticoagulados, sendo que em 60% destes a anticoagulação era recomendada e em 35% devia ser ponderada. Do total dos doentes com FA 48,48% tinham o HAS-BLED maior ou igual 3 e 37,5% destes estavam anticoagulados. Apenas 36,36% dos doentes com FA estavam anticoagulados, sendo que, destes, 41,67% tinha insuficiência renal, mas apenas 40% dos insuficientes renais tinham a anticoagulação ajustada à função renal. Quanto às comorbilidades cardiovasculares presentes nos doentes com FA, 90,91% tinham insuficiência cardíaca associada, 84,85% tinham hipertensão arterial, 48,48% eram diabéticos e 30,30% tinham dislipidémia. 21,21% dos doentes tinham estas 4 comorbilidades e 63,64% eram parcial ou totalmente dependentes nas atividades da vida diária. CONCLUSÃO: Comprova-se a elevada prevalência da FA na idade geriátrica com o aumento concomitante das comorbilidades cardiovasculares, sendo cada vez mais importante ponderar o uso de determinadas terapêuticas no doente idoso. Apesar desta necessidade de ponderação para os doentes dependentes e com multipatologia, ainda se identificam alguns doentes que não estão protegidos do risco tromboembólico potenciado pela FA.