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VIH E ASPERGILOSE – UMA ASSOCIAÇÃO A CONSIDERAR.
Doenças infeciosas e parasitárias - E-Poster
Congresso ID: P483 - Resumo ID: 1503
Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho
Pedro Oliveira, Cátia Dias, Fábio Murteira, Rita Costa, Pedro Salvador, Sofia Pereira, Andreia Seixas, Margarida Mota, Vitor Paixão Dias
INTRODUÇÃO: O aspergillus é um fungo presente no ambiente, a que os indivíduos são expostos frequentemente. Provoca doença raramente, afetando primariamente indivíduos imunodeprimidos, nos quais pode levar a doença invasiva e morte. Os indivíduos imunocompetentes normalmente não desenvolvem doença ativa.

CASO CLÍNICO:
Doente 1 - homem, 47 anos, diagnóstico de VIH 18 anos antes. Tuberculose pulmonar (TP) na altura do diagnóstico, tratada. História de incumprimento; sem seguimento há 5 anos. Regressa à consulta com queixas de hemoptises, dispneia e emagrecimento; na altura com CD4+ 25 células/uL e carga vírica de 106979 cópias/ml. Colheu micobacteriológico de expetoração, negativo; TC torácico revela no lobo superior esquerdo (LSE) cavitação com 5cm, compatível com aspergiloma. Fez broncofibroscopia com lavado broncoalveolar que revelou aspergillus spp. Iniciou voriconazol; realizada cirurgia de ressecção do LSE; análise histológica da peça cirúrgica confirmou diagnóstico de aspergiloma. Melhoria clínica após tratamento, mantendo voriconazol até resolução dos sintomas e reavaliação imagiológica.

Doente 2 – mulher, 72 anos. Antecedentes de TP aos 20 anos. Inicia quadro de hemoptises e emagrecimento; colheu micobacteriológico de expetoração, negativo. TC torácico com bronquiectasias císticas paramediastínicas na pirâmide basal esquerda, com conteúdo esferoide, por provável aspergilose. Em sequência deste achado, pedido teste HIV - positivo, com CD4+ 87 células/uL e carga vírica 186864 cópias/ml. Iniciou voriconazol e subsequentemente antirretrovirais; a aguardar consulta de cirurgia cardiotorácica para decisão sobre eventual lobectomia.

Doente 3 – mulher, 71 anos; diagnóstico de VIH+ recente, com CD4+ 114 células/uL e carga vírica 2330220 cópias/ml. Vem à consulta queixando-se de quadro com 3 semanas de febre, perda de peso, tosse hemoptóica e diarreia. Na consulta encontrava-se febril (38ºC), taquicárdica (142bpm) polipneica (40cpm), com dor e defesa à palpação hipogástrica; acabou por entrar em paragem cardio-respiratória, sendo realizado suporte avançado de vida com sucesso e estabilização do quadro. Transportada para a sala de emergência onde fez TC que revelou pneumoperitoneu, peritonite, dilatação das ansas jejunais e enfarte esplénico. Realizada laparotomia exploradora emergente, com enterectomia de 35cm do jejuno e ileo. Histologia da peça cirúrgica com inflamação e necrose transmural; isolamento de aspergillus spp. Admitida nos cuidados intensivos no pós-cirúrgico, acabando com desfecho fatal.

DISCUSSÃO: A aspergilose é rara, afetando mais frequentemente recetores de transplantes ou doentes com neutropenias prolongadas. Também ocorre em doentes VIH+ com imunossupressão marcada, sendo importante o clínico considerar o seu diagnóstico. Pode afetar múltiplos órgãos, mais frequentemente o pulmão. Nos casos descritos referem-se manifestações distintas; em comum têm a gravidade, o prognóstico reservado e a imunossupressão marcada.