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REGISTOS DE FIM DE VIDA EM AMBIENTE DE CUIDADOS INTENSIVOS
Organização e gestão / novas formas de cuidados - Comunicação
Congresso ID: CO030 - Resumo ID: 1504
Centro Hospitalar do Porto
Ana Rita Costa, Carla Margarida Teixeira
Com o avanço dos cuidados médicos e o envelhecer da população as decisões de fim de vida em unidades de cuidados intensivos (UCI) são cada vez mais comuns. Uma percentagem significativa das mortes (cerca de 70%) nestas unidades ocorrem após a decisão de limitação ou suspensão de terapêuticas de suporte de vida. A forma como as decisões são tomadas e os profissionais envolvidos são variáveis, levantando questões éticas e de consciência pública. A discussão e comunicação entre membros da equipa e familiares, não esquecendo vontades previamente expressas pelo doente, são fundamentais em todo o processo. Realizamos um estudo observacional retrospetivo que visou analisar a qualidade dos registos de fim de vida numa UCI de um hospital terciário. Para tal foram consultados os registos clínicos de doentes falecidos entre Janeiro a Junho de 2015 e recolhidos dados relativamente a decisão de limitação terapêutica e/ou suspensão de medidas terapêuticas e decisão de não reanimação (DNR), registo do óbito e comunicação à família. Foram incluídos na análise registos de 61 doentes, a maioria homens (67%), com uma média de 68 anos de idade (variando entre 22 e 92 anos). Em 41% dos doentes foi registada limitação terapêutica, mas em 20% não foi percetível se esta foi ou não instituída. O tempo até à tomada de decisão foi em média de 5 dias (variando entre os 0 e 19 dias). A suspensão de medidas terapêuticas foi registada em 34% dos doentes, não estando percetível, a sua adoção ou não em 39% dos doentes. O tempo necessário até essa decisão foi em média de 8 dias (variando entre 0 e 43 dias). Quando estas decisões foram tomadas, os principais motivos, isoladamente ou em conjunto, foram a má resposta às medidas instituídas e a gravidade da doença aguda ou doença crónica e comorbilidades do doente. A decisão de DNR estava explicitamente registada como instituída ou não em apenas 41% dos doentes, tendo sido o tempo até tomada de decisão em média 8 dias (variando entre os 0 e 34 dias). Dos restantes 56% sem registo de DNR, em alguns, embora este não estivesse claramente explicito no registo clínico, poderia ser inferido pelo mesmo. Na maioria dos doentes não está registado quem toma a decisão de limitação e/ou suspensão de medidas terapêuticas. Quando está ela é tomada na maioria das vezes pelo sénior da UCI, ocasionalmente após discussão com outras especialidades. A comunicação do óbito à família está registada em apenas 41% dos doentes e a presença ou não dos familiares em 26%. As decisões de fim de vida são cada vez mais comuns em UCI e levantam várias questões éticas e de consciencialização pública. Os registos ainda são pobres e muitas vezes inexistentes. Deve-se insistir na uniformização dos mesmos, por exemplo através da adoção de protocolos de registo das situações de fim de vida, para permitir que estes registos clínicos possam ser uniformizados e melhorados e tornados úteis tomadas de decisões futuras.