QUANDO O TROMBOEMBOLISMO PULMONAR E O ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL COEXISTEM
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P149 - Resumo ID: 1505
Rita Homem, Mafalda Sá Pereira, Ricardo Meireles Mateus, Anilda Barros, Maria Garcia, Vanda Spencer, Tiago Judas, Francisca Delerue
A embolia paradoxal (EP) ocorre quando um êmbolo localizado na circulação venosa se desloca para a circulação sistémica através de um shunt intratorácico, cardíaco ou pulmonar, direito-esquerdo. Este evento está frequentemente associado a tromboembolismo pulmonar que aumenta a pressão nas cavidades cardíacas direitas, favorecendo o deslocamento do trombo. A apresentação inical mais frequente da EP consiste num evento cerebrovascular isquémico agudo. O diagnóstico clínico requer a presença de embolia venosa, de defeito intracardíaco ou fistula pulmonar e evidência de embolia arterial.
Apresentamos o caso de uma doente do sexo feminino de 46 anos com antecedentes de cirurgia ortopédica recente e a realizar contracepção oral. Recorre ao Serviço de Urgência por quadro de alteração da linguagem de início súbito. No exame objetivo para além da afasia de expressão estava normotensa, taquicardica, polipneica e com baixas saturações periféricas. A tomografia computorizada (TC) craneo encefálica (CE) não mostrava alterações sugestivas de lesões vasculares isquémicas ou hemorrágicas agudas. A gasimetria arterial mostrou hipoxemia grave com hipocapnia e realizou angio TC torax com aspetos compatíveis com tromboembolismo pulmonar (TEP) bilateral extenso. Por deterioração respiratória rápida com hipoxémia refratária e ecocardiograma transtorácico com sobrecarga nas cavidades direitas optou-se por iniciar trombólise com melhoria do quadro respiratório, sem intercorrências, mantendo o mesmo estado neurológico. Fez ressonância magnética CE que identificou isquémia subaguda no território da artéria cerebral média esquerda, sem transformação hemorrágica. Por suspeita de EP fez ecocardiograma transesofágico que identificou foramen oval patente que foi posteriormente encerrado.
Apesar de no AVC agudo estar contra-indicada anticoagulação terapêutica não existem guidelines para casos com AVC e TEP simultâneos, no entanto o risco-benefício deste caso favorece a anticoagulação. Neste caso pelo AVC não haveria indicação para realização de trombólise por défice minor e dada a gravidade do quadro de embolia pulmonar optou-se pela sua realização, com sucesso.