Rita Gamboa Cunha, Mariana Certal, Adelaide Moutinho, Sandra Tavares, Catarina Costa, Paula Vaz Marques
Introdução:
A Pitiríase Liquenóide Crónica é uma doença inflamatória da pele, rara e típica de crianças e jovens adultos. Cursa com lesões papulares vermelho-acastanhadas com a típica descamação em bloco, que evoluem para máculas hiper ou hipopigmentadas, mais frequentemente dispersas no tronco e região proximal dos membros. Por norma são assintomáticas, autolimitadas e de resolução espontânea, apresentando recidivas frequentes.
Caso Clínico:
Os autores apresentam o caso de um homem de 46 anos com infeção pelo vírus da imunodeficiência humana tipo 1 com bom controlo imunovirológico, hepatite C crónica genótipo 1a, fumador de 42 UMA, que refere aparecimento de lesões cutâneas não pruriginosas dispersas pelo corpo, poupando o couro cabeludo, face e mucosas. Apresentava inicialmente lesões em forma de pápula eritematosa descamativa, não pruriginosa, com menos de 1cm de diâmetro, sem confluência, com evolução gradual no período de 2 semanas para mácula hiperpigmentada. Sem outras queixas. A análise anátomo-patológica das lesões biopsadas revelou infiltrado inflamatório crónico compatível com pitiríase liquenóide crónica. O doente efetuou tratamento para hepatite C com sofosbuvir e ledipasvir, com resposta virológica sustentada às 24 semanas. Não se verificou melhoria das lesões com a cura da hepatite C.
Conclusão:
Existem doenças com manifestações cutâneas frequentemente associadas à infeção pelo VIH e hepatite C crónica. Neste caso, as lesões cutâneas colocaram algumas hipóteses diagnósticas com associação descrita às patologias infeciosas do doente. O diagnóstico de pitiríase liquenóide crónica foi algo inesperado. O facto de não se verificar melhoria das lesões com o tratamento da hepatite pressupõe uma ausência de associação entre as duas patologias. Na revisão bibliográfica, encontrou-se apenas um caso descrito que, ao contrário dos autores, observou regressão das lesões com o tratamento da hepatite C.