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FENOCÓPIA DO SÍNDROME DE BRUGADA TIPO 1 EM PERICARDITE AGUDA
Doenças cardiovasculares - E-Poster
Congresso ID: P184 - Resumo ID: 1518
Hospital Santa Maria Maior, Barcelos
Cristina Marques; Joana Esteves; Alexandra Leitão; Carina Costa e Silva; José Miguel Ferreira; Márcia Ribeiro; Ana Ogando; Carlos Oliveira
Introdução: O Síndrome de Brugada, foi pela primeira vez descrito em 1992. Caracteriza-se por um supradesnivelamento do segmento ST de tipo côncavo nas derivações precordiais direitas (V1-V2-V3) e associa-se a um aumento do risco de morte súbita por arritmia ventricular, com importante história familiar. Ao longo dos anos, vários estudos já demonstraram que as alterações eletrocardiográficas deste síndrome podem ser induzidas por diversos fatores, como drogas, febre, infeções - tal como descreveremos neste caso clínico.
Caso clínico: Mulher de 64 anos, autónoma, com antecedentes de hipertensão arterial controlada com um fármaco (ARA-II) e obesidade grau I. Sem história de morte súbita familiar. Recorreu ao SU por dor torácica em aperto com irradiação dorsal, sem aumento da mesma com o decúbito dorsal e com cerca de 8h de evolução, associado a febre (Temperatura auricular de 39.0ºC), sem clínica respiratória associada. Do estudo eletrocardiográfico apresentava depressão do segmento PR em DI e DII, elevação do segmento ST com elevação do ponto J superior a 2mm seguido de onda T negativa em V1, V2 e V3. Radiografia torácica normal. Do estudo analítico, a destacar neutrofilia relativa, elevação da proteína C reativa e da velocidade de sedimentação; marcadores de necrose miocárdica e serologias víricas negativos. Realizado ecocardiograma transtorácico que revelou hipertrofia moderada do segmento basal do septo interventricular (15mm), insuficiência mitral e tricúspide de grau ligeiro, boa função biventricular e ausência de derrame pericárdico. Assumido diagnóstico de Pericardite com padrão de Brugada e decidido internamento para controlo térmico, tendo iniciado tratamento com colchicina 0.5mg 12/12h e acetilsalicilato de lisina 1000mg 8/8h durante 3 meses e 14 dias respectivamente. Durante o internamento a doente apresentou-se hemodinamicamente estável com apirexia sustentada nas 72h anteriores a alta. Realizado eletrocardiograma de controlo após a mesma, com reversão das alterações anteriormente apresentadas. Orientada para Consulta de Cardiologia para seguimento.
Discussão: Este caso clínico pretende demonstrar que algumas condições clínicas, como a febre e a pericardite aguda podem mimetizar o Síndrome de Brugada, aumentando consequentemente o risco de arritmia ventricular potencialmente fatal. Os autores enfatizam que as alterações apresentadas muitas vezes são dinâmicas, podendo até incluir normalização da mesma (quer de forma transitória ou permanente) e é sempre importante excluir outras causas de Brugada não induzida, sobretudo pelo risco familiar adjacente a este síndrome.